Correio da Manhã Weekend

IGOR SAMPAIO MORRE AOS 76 ANOS

VÍTIMA DE AVC

- ANTENA PARANOICA Alexandre Pais

Omeu amigo João Luís acaba de partir. Nunca compreendi a escolha de Igor Sampaio para nome artístico já depois dos anos difíceis que partilhámo­s no final da década de 60.

Conheci-o no Conservató­rio e acompanhei os conselhos do nosso professor de Arte de Representa­r, o ator e encenador Álvaro Benamor, para que trabalhass­e no sentido de perder o sotaque micaelense. Isso fazia com que o João passasse horas a gravar a sua voz e a ouvir, a corrigir e a voltar a gravar… Uma lição de força de vontade!

Foram tempos duros, mais

O JOÃO PASSAVA HORAS A GRAVAR A VOZ PARA CORRIGIR

O SOTAQUE…

para o jovem carregado de talento que ele era – longe da família e com parcos recursos de sobrevivên­cia em Lisboa – do que para mim, que sabia não ter a mesma capacidade. É que além do teatro o João dançava e pintava, aliás, ia ganhando a vida na equipa de Pinto de Campos, a fazer cenários e figurinos – tinha também imenso jeito para o desenho, era um superdotad­o – e executou muitos dos painéis gigantes que os cinemas colocavam nas fachadas para promover os filmes, meio século atrás.

Agora que o João nos deixou, recordo os velhos dias de esperança – e aquele “O doido e a morte”, de Raúl Brandão, que ele encenou em 1968, no palco histórico do Clube Estefânia... Até breve, Ator.n

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