Correio da Manhã Weekend

Uma Justiça inútil

- TÂNIA LARANJO GRANDE REPÓRTER

Diz a Justiça que é homicídio qualificad­o. Pode dar 25 anos de cadeia, a pena máxima em Portugal. Ninguém discute os factos: Tiago matou, confessa-o, as provas não deixam dúvidas. A dúvida está mesmo no raio dos pormenores. Aqueles que levaram Tiago a fazer o que fez. A ausência de respostas da polícia, as instituiçõ­es que falharam, os professore­s que valorizara­m as notas em detrimento da ausência de afetos que estavam presos no olhar daquela criança. A Justiça é cega, está escrito nos livros. E, por isso, enquadra por cima para depois definir por baixo. Entendamo-nos: o raciocínio é que no primeiro interrogat­ório cola-se o crime mais grave e depois a acusação desce, se a prova assim o mostrar. Fica preso um ano? São as vicissitud­es, dirão os formalista­s. Mas no meio há Tiago. Há a irmã e a mãe de Tiago. Há uma Justiça injusta que não serve para coisa nenhuma. Como a que condenou esta mãe a ver o filho herói atrás das grades. O filho que a salvou.n

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