Uma Justiça inútil
Diz a Justiça que é homicídio qualificado. Pode dar 25 anos de cadeia, a pena máxima em Portugal. Ninguém discute os factos: Tiago matou, confessa-o, as provas não deixam dúvidas. A dúvida está mesmo no raio dos pormenores. Aqueles que levaram Tiago a fazer o que fez. A ausência de respostas da polícia, as instituições que falharam, os professores que valorizaram as notas em detrimento da ausência de afetos que estavam presos no olhar daquela criança. A Justiça é cega, está escrito nos livros. E, por isso, enquadra por cima para depois definir por baixo. Entendamo-nos: o raciocínio é que no primeiro interrogatório cola-se o crime mais grave e depois a acusação desce, se a prova assim o mostrar. Fica preso um ano? São as vicissitudes, dirão os formalistas. Mas no meio há Tiago. Há a irmã e a mãe de Tiago. Há uma Justiça injusta que não serve para coisa nenhuma. Como a que condenou esta mãe a ver o filho herói atrás das grades. O filho que a salvou.n