MONUMENTOS CONTAM A NOSSA HISTÓRIA EM PEDRA A
De norte a sul, construídos ao longo dos séculos nos mais variados estilos, testemunham a identidade nacional
lista de monumentos que constituem o património cultural edificado de Portugal é, felizmente, demasiado extensa para ser reproduzida nestas páginas. Ainda assim, aqui ficam alguns exemplos que marcam, de norte a sul, a riqueza da nossa história ao longo dos séculos.
O ‘Domus Municipalis’, em Bragança, impõe-se pela sua originalidade. Embora os estudiosos se dividam sobre a finalidade original do edifício construído no século XII, o certo é que se trata do único exemplar de arquitetura civil em estilo românico conservado na Península Ibérica. O nome latino, que em português se traduz por Casa Municipal, foi-lhe atribuído por ter funcionado como local de reunião dos vereadores do concelho.
A Guimarães e ao seu castelo chamam os vimaranenses o “berço” da nacionalidade. Durante séculos foi aceite que ali tinha nascido D. Afonso Henriques, o primeiro Rei de Portugal. Mas, em 1990, o medievalista Almeida Fernandes publicou um artigo, depois editado em livro, com o título ‘Viseu, Agosto de 1109, nasce D. Afonso Henriques’ (ed. Fundação Mariana Seixas) que veio pôr em causa essa certeza. O debate ainda não está encerrado, mas um historiador com o prestígio de José Mattoso, na biografia ‘D. Afonso Henriques’ (ed. Temas e Debates) mostrou-se sensível aos argumentos de Almeida Fernandes. Uma coisa é certa: independentemente do lugar onde nasceu o Fundador, não há dúvida de que Guimarães foi a primeira capital do País logo, não há razão para pôr em causa o nome honroso de “cidade berço”.
A Torre dos Clérigos, erguida no Porto entre 1732 e 1763, foi projetada pelo arquiteto italiano Nicolau Nasoni e é o mais importante exemplar do barroco tardio no nosso país.
Outra joia do barroco português é a Biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra, mandada construir por D. João V em 1717. A obra ficou pronta em 1728 e a grandiosidade do edifício rivaliza com o tesouro que guarda no seu interior, composto por livros preciosos com o estado da arte dos conhecimentos da época.
Tomar foi durante séculos sede da Ordem dos Templários em Portugal. Dos segredos do castelo tratou com liberdade literária Umberto Eco em ‘O Pêndulo de Foucault’ (ed. Gradiva). A importância do Convento de Cristo para o estilo Manuelino - com destaque para a janela da fachada ocidental -continua a ser objeto de estudo, nomeadamente pelos historiadores Vítor Serrão e Paulo Pereira, entre outros.
O Mosteiro de Santa Maria da Vitória, vulgo da Batalha, foi mandado construir por D. João I para comemorar a vitória dos portugueses sobre os castelhanos na batalha de Aljubarrota, que garantiu a independência nacional sob a nova dinastia de Avis. É o monumento mais importante do gótico tardio no nosso país e entrou na lenda graças ao conto que lhe dedicou Alexandre Herculano: ‘A Abóbada’ (ed. Porto Editora), protagonizado pelo seu primeiro arquiteto, Afonso Domingues. A construção foi iniciada em 1387, mas só foi inaugurado em 1517, embora as obras não estivessem ainda terminadas.
O Mosteiro de Alcobaça começou a ser construído no século XII e foi inaugurado em 1252, mas nos sécu
O Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém, tesouros do manuelino, estão acompanhados pelo comemorativo Padrão dos Descobrimentos
O castelo de Guimarães continua a ser o berço de Portugal
los seguintes foi alvo de intervenções que permitem observar ali os estilos gótico, manuelino, maneirista e barroco.
Do Convento de Mafra, que faz conjunto com o palácio daquela vila, qualquer estudo ganha em ser complementado com a leitura de ‘Memorial do Convento’ (ed. Porto Editora), de José Saramago.
Em boa hora o alemão D. Fernando II, marido da brasileira D. Maria II, se apaixonou por Sintra: confiou ao seu patrício e arquiteto barão de Eschwege as obras do Palácio da Pena, que em 1847 transformaram o velho convento na preciosidade romântica que hoje ali encontramos.
Em Lisboa, não é por acaso que a zona de Belém, à beira-Tejo, é marcada por monumentos evocativos do encontro de Portugal com o Mundo: o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém, obras maiores do manuelino, e o comemorativo Padrão dos Descobrimentos. Os três estão junto à praia de onde partiu Vasco da Gama a caminho da Índia, uma viagem que, para o historiador inglês Arnold Toynbee, no monumental ‘Um Estudo de História’ (ed. Ulisseia) marcou a entrada da humanidade na Era Gâmica.
Évora orgulha-se de ser a cidade museu. Entre tantos monumentos destaque-se o mais antigo: o Templo Romano, durante muito tempo erradamente chamado “de Diana”, mas que não tem nada a ver com a deusa da caça – era dedicado ao culto imperial.
Esta volta a Portugal em monumentos termina com o ex-líbris de Beja: a Torre de Menagem do castelo. Quem disse que a Idade Média foi a idade das trevas nunca viu esta maravilha brilhar ao sol do Alentejo.