Onde pára a polícia?
Portugal é o país mais pacífico da União Europeia e o terceiro do Mundo, e é bom que continue assim. O regresso das multidões à noite de Lisboa com o desconfinamento levou ao aumento imediato da violência. Mas não foram só as habituais cenas de pancadaria entre bêbedos, houve também mortos a tiro e esfaqueados. Recentemente, surgiram gangs organizados a fazer assaltos à vista de todos e sem se importarem de ser filmados. Estes gangs atuam com óbvio sentimento de impunidade. Na contabilidade das últimas semanas, registaram-se dois assassinatos, dois esfaqueados com gravidade, vários espancados em assaltos que acabaram no hospital e nenhum detido. Esta explosão de violência sugere que também os criminosos estão a recuperar o tempo perdido durante o confinamento, quando não havia ninguém na rua para assaltar. O ministro da Administração Interna, que se gabou então da enorme baixa da taxa de crime, mantém-se agora em silêncio. E, aparentemente, a Polícia Municipal e a PSP não se prepararam para o que aí vinha. Acabou o tempo de fiscalizar apenas o recolher obrigatório e de passar multas aos condutores, é preciso voltar a combater o crime a sério.n