Silêncio e dor no adeus a casal assassinado
CENTENAS r Igreja de Pedralva foi pequena para acolher as muitas centenas de pessoas que foram aos funerais de João e Olívia Correia AUSENTE r Viúva do homicida não esteve presente na missa
Uma coroa de rosas brancas abria o cortejo fúnebre, após a cerimónia religiosa na Igreja Paroquial de Pedralva, em Braga, em direção ao cemitério. Logo a seguir, alinhados um atrás do outro, os caixões de João e Olívia Correia, carregados pelos familiares e amigos mais próximos. Atrás, os três filhos, apoiados por centenas de outros familiares, amigos e conhecidos que quiseram estar presentes no último adeus ao casal de 58 anos assassinado brutalmente pelo cunhado, na segunda-feira. Ausente esteve a irmã de João Correia, viúva do homicida.
A mulher, que durante anos foi vítima de violência doméstica, tinha fugido de casa para escapar às agressões e estava a viver numa casa-abrigo. Terá sido por não revelarem o sítio onde a mulher se escondia, que João e Olívia foram assassinados por Fernando Lopes, conhecido pela alcunha de ‘Guerras’.
O funeral do homicida realizou-se ontem à tarde, na mesma igreja. Apesar de ter dois filhos, foi um irmão que tratou de todo o processo fúnebre.
De manhã, nos funerais de João e Olívia, o silêncio dominou toda a cerimónia, apenas interrompido pelo toque dos sinos durante o cortejo fúnebre. A
PORMENORES
Irmão testemunhou crime
Um irmão de Olívia e a mulher assistiram aos dois homicídios. Luciano Rocha estava de visita aos familiares e chegou a ter a arma apontada na sua direção.
Filho já regressou
O filho do homicida, que também chegou a ser vítima de violência doméstica, já regressou a Pedralva. Para já não deverá regressar à casa onde vivia com os pais.
Pároco emocionado
O sacerdote que realizou os dois funerais, o padre Tobias, que completou há um mês 95 anos, mostrou-se muito emocionado. tristeza e a dor foram o sentimento comum na população da freguesia, que se uniu em solidariedade com o casal assassinado e com os seus três filhos.
“A maneira como o João e a Olívia morreram é algo que ninguém consegue aceitar, porque é injusta”, disse ao CM o padrinho de João Correia, visivelmente emocionado após a despedida no cemitério. O homem tinha estado com o afilhado no dia do seu aniversário, a 21 de agosto, numa festa em casa, onde estava também o homicida. “Agora, ao recordar aquele dia, parece-me mentira que aquele homem tenha tido coragem de cometer um crime destes. Não é justo”, repetiu, com os olhos inundados pelas lágrimas.n
FERNANDO ‘GUERRAS’ TAMBÉM FOI A SEPULTAR