Um candidato-de-verdade
Não é abusivo considerar que a campanha eleitoral do universo Benfica arrancou oficialmente esta semana no momento em que Rui Costa anunciou a sua candidatura. Terá, muito provavelmente, como adversário Francisco Benítez que concorreu nas eleições do ano passado ao cargo de presidente da Assembleia Geral na lista liderada por João Noronha Lopes. Em 2020, Benítez chegou a anunciar a sua candidatura contra Luís Filipe Vieira, mas acabou por alinhar no projeto de uma frente comum contra a “situação” vindo a integrar posteriormente a candidatura de Noronha Lopes o que muito desagradou, por exemplo, a Rui Gomes da Silva que foi a votos por si próprio, sem alianças, e viu-se, por isso mesmo, fortemente penalizado no apuramento dos resultados.
Não haverá Noronha Lopes na assembleia eleitoral do dia 9 de outubro, mas haverá, ao que parece, Benítez que foi uma das figuras preponderantes da última AG do clube e recebeu fortes incentivos de uma plateia maioritariamente “contra” o regime instalado durante quase duas décadas na Luz. Não é de todo verosímil que o resultado das votações da AG de 17 de setembro se espelhe no resultado do ato eleitoral do próximo mês, mas não será esse facto impeditivo da candidatura com que Benítez pretende afrontar Rui Costa e, sobretudo, o “status quo”. “Rui, por favor, ouve os sócios”, disse Benítez do palanque dirigindo-se diretamente ao, por enquanto, presidente-interino do Benfica e mais do que provável presidente-de-verdade a partir de 9 de outubro. É esse, justamente, o papel de Benítez na já corrente campanha eleitoral. Falar pelos sócios, cujos sentimentos oposicionistas representa, deixando claro que o desaparecimento
FRANCISCO BENÍTEZ
FOI UMA DAS FIGURAS PREPONDERANTES DA ÚLTIMA ASSEMBLEIA GERAL DO CLUBE
da figura do presidente Vieira não pode significar, em termos práticos, o reaparecimento do presidente Vieira sob a camuflagem de um conjunto de corpos sociais intrinsecamente herdeiros e paridos pelo regime anterior.
Por tudo isto é da maior e da melhor importância para o Benfica e para o seu futuro presidente que Francisco Benítez não recue nos seus propósitos de candidatura e, por absurdo, que não venha a aceitar um hipotético convite para integrar a lista de Rui Costa num posto qualquer à semelhança do que aconteceu com parte significativa da atual – e demissionária – Direção do Benfica que tem entre os seus elementos um número significativo de ex-opositores de Luís Filipe Vieira que se deixaram seduzir pelo projeto de Vieira e mudaram de campo em tempo oportuno.
Para ser o presidente do Benfica que o Benfica merece e exige, Rui Costa tem de bater nas urnas um concorrente que seja um candidato-de-verdade e não apenas um oposicionista circunstancial disponível para joguinhos de xadrez.
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