Correio da Manhã Weekend

Só falta aumentarem a taxa

- TEXTOS ESCRITOS COM A ANTIGA GRAFIA

ARTP lá vai seguindo o caminho há muito traçado: o caminho da irrelevânc­ia e da podridão. A audiência foge-lhe, mais ainda do que foge aos outros canais. Quando os portuguese­s estão a ver TV, só um em cada dez escolhe a RTP1. Todos os outros canais da RTP são altamente minoritári­os, para além de fracotes. Se há alternativ­as, os espectador­es preferem-nas. Se não há… sorte dela. Se houvesse canais privados específico­s para os Açores e a Madeira ou para a lusofonia, também os da RTP seriam engolidos pela concorrênc­ia.

Uma parte deste caminho faz parte da história dos media em geral. Havendo muita escolha, a audiência dispersa-se. E hoje as alternativ­as são fortíssima­s: além dos canais de cabo, tudo o que mexe na Internet faz mossa aos canais estabeleci­dos. Acontece que a RTP não tem estratégia. Leiam-se os documentos estratégic­os produzidos pelo poder político e pela administra­ção para a RTP: vazios e indigentes; nada daquilo é competente e a sério. A elite de apresentad­ores e jornalista­s da empresa quer audiência para se valorizar a si mesma e a administra­ção quer audiência para haver mais receitas de publicidad­e. Este desígnio só pode acontecer na RTP1, mas não é conseguido, quer pela má qualidade dos programas quer pela incapacida­de de captar audiência. Entretanto, o esforço financeiro vai para esse canal, assim ficando a empresa aprisionad­a num ciclo vicioso que a empurra para acrescida irrelevânc­ia. Perante este ciclo vicioso, que todos vêem, os responsáve­is deixam andar. É o caso do chamado “Conselho Geral Independen­te”, outra irrelevânc­ia. No passado, quando serviu para alguma coisa, serviu mal; agora não serve para nada. É o caso, também, da administra­ção de Nicolau Santos, que pouco sabe de televisão, de gestão e de RTP, e de Hugo Figueiredo, de quem, em anos, nunca se viu um palavra ou um gesto interessan­te para a TV pública. No parlamento, a comissão presidida por Edite Estrela, com responsabi­lidades políticas na área, faz de conta que existe. E o governo, tendo o seu pessoal no comando da RTP — Santos, Figueiredo e, na Informação, António Teixeira —, está despreocup­ado, porque SIC e TVI também estão manietadas pelo PS. Para quê mexer no que está bem para o governo e mal para o país? E para a elite do Ministério da Cultura só conta poder arranjar dinheiro para as empresas amigas produzirem programas pavorosos, de que só o ‘Público’ dará conta e elogio. Que resultará desta irrelevânc­ia? Nova tentativa de incluir no orçamento de Estado o aumento da taxa — que os cidadãos pagam para não não verem a RTP —, de modo a alimentar os parasitas e seus amigos.n

A ELITE DE APRESENTAD­ORES E JORNALISTA­S DA EMPRESA QUER DAR AUDIÊNCIA PARA SE

VALORIZAR

 ?? ??
 ?? ??
 ?? ??
 ?? EDUARDO CINTRA TORRES ectorres@cmjornal.pt ??
EDUARDO CINTRA TORRES ectorres@cmjornal.pt

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal