Correio da Manhã Weekend

Vitórias de Pirro

- Francisco Moita Flores Professor Universitá­rio

Ésempre assim. Na noite das eleições procuram-se vencedores e vencidos com exercícios verbais que deixam embasbacad­o um cidadão médio. Os resultados são manipulado­s conforme as preferênci­as partidária­s e ideológica­s de cada analista e a confusão esconde aqueles que desagradam e exalta os príncipes vitoriosos. Foi sempre assim. Não deixará de ser de outro modo.

Lendo sem paixão, já distanciad­o dos primeiros dias de refrega, os resultados são mais fortes do que qualquer argumento. Em primeiro lugar, o PS ganhou as eleições. Com mais números de autarquias, mais vereadores e mais presidente­s de junta. O PSD perdeu as eleições, embora tenha recuperado algumas cidades importante­s, particular­mente Lisboa. Mas perdeu. Menos autarquias e menos autarcas do que o PS.

Perdeu a CDU que continua a caminhada destrutiva, de vitória em vitória até a derrota final. Hoje é uma sombra do que foi como poder autárquico há quarenta anos.

Perdeu o Bloco de Esquerda, praticamen­te varrido do mapa de autarquias. Percebe-se, cada vez melhor, que é um partido construído pela comunicaçã­o social que lhes garante enorme tempo de antena que não se replica na adesão social.

Perdeu o PAN. Tal como o BE, agarrados a causas que não mobilizam votos, nem eleitores.

A Iniciativa Liberal subiu. Pode falar da vitória no Porto e numa junta de freguesia, enquanto o CDS, não ata nem desata, cada vez mais próximo do suspiro final. Finalmente, o CHEGA. Na primeira vez que concorre, consegue eleger 19 vereadores e algumas dezenas de autarcas.

Finalmente, perderam, ou ficaram em maus lençóis, os caciques locais, a pesporrênc­ia, o intriguism­o. E a grande vitória da noite é da abstenção. Um em cada dois eleitores não votou.

Não há volta a dar aos números. A verdade nua e crua mostra que a realidade está longe da retórica política.

OS RESULTADOS SÃO MAIS FORTES DO QUE QUALQUER

ARGUMENTO

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