Vitórias de Pirro
Ésempre assim. Na noite das eleições procuram-se vencedores e vencidos com exercícios verbais que deixam embasbacado um cidadão médio. Os resultados são manipulados conforme as preferências partidárias e ideológicas de cada analista e a confusão esconde aqueles que desagradam e exalta os príncipes vitoriosos. Foi sempre assim. Não deixará de ser de outro modo.
Lendo sem paixão, já distanciado dos primeiros dias de refrega, os resultados são mais fortes do que qualquer argumento. Em primeiro lugar, o PS ganhou as eleições. Com mais números de autarquias, mais vereadores e mais presidentes de junta. O PSD perdeu as eleições, embora tenha recuperado algumas cidades importantes, particularmente Lisboa. Mas perdeu. Menos autarquias e menos autarcas do que o PS.
Perdeu a CDU que continua a caminhada destrutiva, de vitória em vitória até a derrota final. Hoje é uma sombra do que foi como poder autárquico há quarenta anos.
Perdeu o Bloco de Esquerda, praticamente varrido do mapa de autarquias. Percebe-se, cada vez melhor, que é um partido construído pela comunicação social que lhes garante enorme tempo de antena que não se replica na adesão social.
Perdeu o PAN. Tal como o BE, agarrados a causas que não mobilizam votos, nem eleitores.
A Iniciativa Liberal subiu. Pode falar da vitória no Porto e numa junta de freguesia, enquanto o CDS, não ata nem desata, cada vez mais próximo do suspiro final. Finalmente, o CHEGA. Na primeira vez que concorre, consegue eleger 19 vereadores e algumas dezenas de autarcas.
Finalmente, perderam, ou ficaram em maus lençóis, os caciques locais, a pesporrência, o intriguismo. E a grande vitória da noite é da abstenção. Um em cada dois eleitores não votou.
Não há volta a dar aos números. A verdade nua e crua mostra que a realidade está longe da retórica política.
OS RESULTADOS SÃO MAIS FORTES DO QUE QUALQUER
ARGUMENTO