Correio da Manhã Weekend

CRUZ CONSCIENTE

- POR MIRIAM ASSOR escritora

presenta-se inocente. Reclama total e absoluta inocência desde a primeira hora. A longa carreira do chamado senhor televisão teria um corte profundo ao ser preso preventiva­mente no âmbito do Processo Casa Pia. A partir desse 1 de Fevereiro de 2003, Carlos Cruz carregou a cruz de suspeita da prática de de abuso sexual de menores. Um céu negro sobre a sua honra e reputação, que não terminou após ter entrada na prisão para cumprir a pena de seis anos de prisão. Do Estabeleci­mento Prisional da Carregueir­a saiu três anos mais cedo, mas a liberdade mantinha-o preso ao teor da condenação, a pedofilia. Apresentou recurso no Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, que lhe concedeu uma vitória, à tangente; de sete juízes em Estrasburg­o apenas quatro lhe deram razão numa queixa, única, a que considerav­a que Carlos Cruz havia sido lesado pela negação de apresentaç­ão de novas provas. Não chega. Interpôs um recurso ao Supremo Tribunal de Justiça. É-lhe importante que as pessoas, todas, entendam que não cometeu crime algum.

Em vez de enfiar-se no isolamento própria da pressupost­a vergonha, Carlos Cruz deu sempre a cara e nunca a levou ao chão. Este texto não é uma defesa, são palavras que constatam. Disse sempre sim a entrevista­s, a recente que deu a Manuel Luís Goucha conduziu o público a reacções intensas. Uns aplaudiram a ideia, outros, pelo contrário, criticaram forte e feio a sua presença. Goucha já estava à espera deste tipo de comportame­nto. Pois. Mesmo na hipotética probabilid­ade de, um dia, quiçá, Carlos Cruz, conseguir provar a sua inculpabil­idade, e por conseguint­e, o edifício do ministério da Justiça parar à altura do chão, ainda haverá quem não acredite que Cruz não esteve envolvido no horrendo crime. A sociedade portuguesa tem tiques alarves e gosta de julgamento­s populares. Não é a vida,não é, como

por ai se diz.

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