Costa está sem espelho
Será bom se este último sábado - 9 de outubro de 2021 não ficar registado na História como o dia em que dois ilustres portugueses alertaram para o que estava para vir. Cavaco Silva e António Barreto coincidiram no momento certo para o grito de alerta e na visão que lançam a ecoar.
Portugal tende para o empobrecimento das gentes e para o estrangulamento democrático. Cada vez mais, as pessoas temem denunciar os excessos do poder público, central ou local. Por muito independentes que sejam os cidadãos, cada vez é mais difícil exclamar que o rei vai nu. Mas quanto menos se aponta a nudez do rei, menos o líder se sabe nu. Todos os que o enxameiam lhe elogiam a beleza das vestes.
Envolto na sua bolha de propaganda, salivada pelos lambe-botas e ladrilhos, o rei sente-se feliz. Só ouve um povo feliz farto com tanto brioche. É esta perversa distorção da realidade, fruto da bolha polida pela imensa corte, que está a trair António Costa. Como no passado Guterres e, antes deste, Cavaco Silva. Sócrates é outra história, muito mais dolorosa. As autárquicas de Lisboa deram o sinal da revolta de um Povo, que acaba sempre por se revelar sábio quando se encontra a sós com o seu voto. As sondagens autárquicas falham também pelo temor de assumir posição.
Uma Comunicação Social cada vez mais capturada por pérfidos domínios societários (a que poucos títulos ainda escapam), nada conseguirá contra a verdadeira nudez do rei. Na Saúde, na Educação, na Cultura. Nos negócios do Ambiente.
Costa tem urgentemente de encontrar um espelho. O ciclo está a mudar.n
QUANTO MENOS SE APONTA A NUDEZ
DO REI, MENOS O LÍDER SE SABE NU