Como todas as artes, a tauromaquia tem uma linguagem codificada,
que os não iniciados apreciam muitas vezes sem saber explicar porquê. Tal como não é
preciso ter estudado pintura para apreciar um quadro ou literatura para se emocionar com o poema de
Lorca sobre a morte na arena, muitos espectadores
de touradas seguem atentamente os toques do cornetim porque intuem que
são importantes. E têm razão. É por isso que José Henriques, 73 anos de idade e 50 de cornetim no Campo Pequeno, é uma das figuras mais queridas do mundo das corridas de touros. É ele que transmite as mensagens do ‘inteligente’ e garante que os artistas cavaleiros, toureiros a pé, forcados - dão largas à sua criatividade na arena. Por vezes, como ele testemunhou e contou à jornalista Marta Martins Silva, pagando o preço
da própria vida.