Costa faz figas sob pressão de BE e PCP
RISCO rEx-parceiros do PS ameaçam com chumbo se Governo não ceder na Saúde e no Trabalho AVISO rEleições Legislativas antecipadas seria “completamente irracional”, diz primeiro-ministro
OGoverno está sob alta pressão. BE e PCP ameaçam chumbar o Orçamento do Estado (OE) para 2022 se o Governo não afinar as agulhas mais para a esquerda. Diante deste cenário, o primeiro-ministro, António Costa,avisou ontem que eleições antecipadas seria “completamente irracional”, mas depois promete “esconder o dedo refilão” e “fazer figas” para que o OE seja viabilizado. Garantindo ainda que “se o BE quer um acordo escrito, então esse não é um problema”.
Mas o desapontamento mantém-se à esquerda. “O Governo ainda não deu nenhum passo negocial”, atirou ontem a coordenadora do BE, Catarina Martins, no final de uma audiência com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, no âmbito do OE de 2022. Para a líder do BE, o partido “não pode viabilizar um documento que não tem nenhuma das medidas que são centrais: não há nada para fixar profissionais no SNS, para compensar os trabalhadores com longas carreiras contributivas e não tem um caminho para valorizar os salários”, o que leva a que, neste momento, exista “um afastamento claro” com “propostas que ficam mais distantes das aprovadas no Parlamento”. A mesma tese foi defendida pelo secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa: “Não tem havido grande evolução nas negociações”. O líder comunista assegura que o partido está “com a consciência tranquila de que o partido quer o melhor para o País, mas não abdica do que é central: valorização dos salários, a rede de creches, o reforço do SNS, as questões da habitação.”
Antes do encontro com Marcelo, o BE especificou no Parlamento
as razões do “impasse negocial”. O líder da bancada Pedro Filipe Soares acusou o Governo de “mitigar” o alcance da criação da carreira de técnico auxiliar de Saúde. Quanto à revogação da caducidade da
CATARINA E JERÓNIMO DIZEM QUE GOVERNO NÃO DEU PASSO NEGOCIAL
SNS, SALÁRIOS, CRECHES, REFORMAS E HABITAÇÃO SÃO LINHAS VERMELHAS
contratação coletiva, matéria fora do âmbito orçamental mas essencial para o BE, o deputado Jorge Costa mostrou-se insatisfeito com a mais recente intenção do Executivo de alargar a suspensão por mais um ano: “A proposta do Governo não resolve nada”. Sobre este ponto, Jerónimo de Sousa seguiu pelo mesmo diapasão: “Nós exigimos é a revogação.”
Num vídeo publicado no site do PCP, o líder parlamentar João Oliveira desvalorizou as mexidas nos escalões do IRS, que pouco impacto terão, e reivindicou o “aumento do mínimo de existência”, que está nos 9315 €, e que corresponde ao valor até ao qual os rendimentos estão isentos de IRS, ou a “subida da dedução específica”, fixa atualmente nos 4104 €, e que diz respeito ao montante que é subtraído aos rendimentos brutos para efeitos de cálculo de sujeito a IRS.n