Correio da Manhã Weekend

SOBREVIVEN­TES ENTRE A DOR E A REVOLTA

MEMÓRIA r Em Ventosa, Vouzela, estão sepultadas cinco das oito vítimas mortais APOIOS r Dinheiro prometido pelo Estado só chegou para alguns, o que gera revolta

- TIAGO VIRGÍLIO PEREIRA/MÁRIO FREIRE

Foi o diabo que aqui passou e neste dia as memórias são mais difíceis de apagar”, desabafou ontem Camila Duarte, de 66 anos, à porta do cemitério da freguesia de Ventosa, em Vouzela, onde estão sepultadas cinco das oito vítimas mortais do concelho, que perderam a vida nos incêndios de 15 de outubro de 2017. Passaram quatro anos, mas o dia continua a atormentar quem testemunho­u o terror das chamas. Camila perdeu três cunhados. “Moravam todos na mesma casa e o fogo levou-os. O meu marido nunca mais recuperou e há um ano e meio também morreu. Não tem sido nada fácil”, lamentou.

As marcas do fogo estão ainda bem à vista por quase todos os concelhos do Centro do País. Morreram 51 pessoas e cerca de 70 ficaram feridas. As chamas destruíram 1500 casas e mais de

CAMILA PERDEU TRÊS CUNHADOS QUE VIVIAM NA MESMA CASA, EM VOUZELA

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