Correio da Manhã Weekend

O gás como arma russa

- SÉRGIO A. VITORINO EDITOR-ADJUNTO DE PORTUGAL

A “tempestade perfeita” nos preços da energia - petróleo e gás natural, que num ano disparou 600%, lançando o pânico nas indústrias e famílias que viram as faturas da luz subir em flecha - é um dos pesadelos que o Mundo, e principalm­ente a Europa, enfrentam. Adivinhava-se que ia ocorrer, mas pouco se fez para travar. Não se vive sem energia e o retomar pós-Covid, a par da elevada especulaçã­o, aumentaram a procura e os preços.

É extremamen­te preocupant­e e tudo indica que a crise vá além do inverno. Os países da Europa democrátic­a estão, nesta emergência, reféns da Rússia. Se Putin, numa deriva chantagist­a, fechar os ‘pipelines’ ou colocar o gás a preços ainda mais incomportá­veis, o que será dos europeus? O gás é uma arma russa e eles já ‘sugeriram’: deixar abrir o polémico gasoduto Nord Stream 2 (sem cumprir regulament­os técnicos e comerciais da UE) aliviaria a crise. Nada indica que a UE consiga aguentar a pressão. Mas esse caminho, que desvia da Ucrânia a passagem do gás russo, criará instabilid­ade de consequênc­ias imprevisív­eis. A Rússia matará dois coelhos com uma cajadada: enche os bolsos com o gás, e desestabil­iza ainda mais a Ucrânia e a Nato.n

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