Vítima apanha burlão em fuga há seis anos
QUEIXA r Fez investigação por conta própria depois de ser burlado em 120 mil euros na construção de casa CRIME r Suspeito pediu valores adiantados e iniciou a obra, mas desapareceu sem a acabar
Durante um mês, José Luís Matos, empresário residente em Montemor-o-Velho, seguiu os passos de um burlão, que estava há seis anos em fuga à Justiça, vigiou as suas rotinas e falou com vizinhos e conhecidos do fugitivo. Fez uma investigação por conta própria, inclusivamente com registo fotográfico, depois de ter sido burlado por José Cardoso, de 61 anos, em 120 mil euros na construção de uma casa.
Toda a informação que conseguiu reunir entregou-a às autoridades, ajudando a GNR na detenção do suspeito, e reuniu várias vítimas que agora apresentaram uma queixa conjunta no Departamento de Investigação e Ação Penal de Coimbra.
“Tive noites em que dormia uma a duas horas para conseguir andar atrás dele”, conta José Luís Matos, que conseguiu descobrir onde o burlão morava e passou a segui-lo, nomeadamente para as obras que tinha em curso, apercebendo-se de que várias pessoas, no Centro e Norte do País, estavam a ser enganadas por José Cardoso.
No caso de José Luís Matos, o burlão, que foi detido pela GNR de Montemor-o-Velho após seis anos em fuga à Justiça pela prática de outros crimes, apresentou-se como sócio-gerente
PORMENORES
Dezenas de burlados
A queixa apresentada refere mais de uma dezena de empresas e clientes em diversas zonas do País que foram burlados.
Cumpre pena de prisão
José Cardoso está agora a cumprir uma pena de 15 meses de prisão que se tornou efetiva, em 2012, por não ter pagado 86 mil euros de dívidas fiscais.
Vítimas com medo
O empresário diz ter falado com várias vítimas, mas nem todas quiseram associar-se à queixa apresentada: “Têm medo de represálias e há quem pense que está ligado a grupo terrorista.” de uma empresa com a qual a vítima assinou contrato para construção de uma casa. Recebeu antecipadamente verbas, iniciou a obra e apresentou “trabalho suficiente para pedir outros montantes adiantados”. Depois desapareceu, deixando a obra por concluir. José Luís Matos diz ter-lhe entregado um total de 200 mil euros. José Cardoso deixou a obra a meio, tendo ficado com 120 mil euros.
A última vez que o viu foi em maio: “Veio ter comigo à obra e ainda me sacou mais 15 mil euros.” Quando começou a investigar percebeu que os fornecedores que o suspeito subcontratou para fazerem a obra não tinham recebido qualquer pagamento e que vários clientes tinham sido enganados.n Quando José Luís Matos começou a tentar perceber quem era o homem que o enganou, contactou as autoridades, percebendo que “tinham a informação que estava na Alemanha”. Quando foi detido pela GNR de Montemor-o-Velho - por ter 5 mandados de detenção pendentes por abuso de confiança e tráfico de pessoas - tinha-se mudado há pouco tempo de Coimbra para a Figueira da Foz.n
PASSOU INFORMAÇÃO À GNR, AJUDANDO-A NA CAPTURA DO FUGITIVO