A história de Marie-Claire Silvestre começou no presbitério, numas férias de verão da sua infância.
A menina molestada pelo tio, que era padre, é uma entre os 330 mil casos de abusos sexuais cometidos por clérigos e leigos em França durante 70
anos. O número e a forma como reiteradamente foram
praticados ao longo de décadas põe em causa todo o edifício da instituição (quem calou este inferno, afinal?) e obrigou o Papa Francisco a uma pungente declaração “Desejo exprimir às suas vítimas a minha tristeza e a minha dor pelos traumas que sofreram, a minha vergonha,
a nossa vergonha.” O jornalista Fernando Madaíl relata os contornos de um dos maiores escândalos sexuais de sempre e o calvário privado de Marie-Claire, cujo irmão, abusado, se tornou ele próprio
abusador.