Merkel diz adeus a Bruxelas
HISTÓRIA r Líder alemã deixa marca em anos conturbados da História da União Europeia
Achanceler alemã, Angela Merkel, encerrou ontem a que deverá ser a sua última cimeira europeia. O adeus a Bruxelas, após 16 anos na chefia do país mais poderoso da União Europeia (UE), será efetivo caso o SPD e os dois outros partidos que atualmente negoceiam uma coligação de governo cheguem a acordo até meados de dezembro.
Nas suas quase duas décadas de poder, Merkel definiu os rumos alemão e europeu e por isso assume peso de quase testamento político a mensagem que ontem deixou no Parlamento Europeu em relação à crescente querela entre a UE e a Polónia.
“É importante a questão da independência da Justiça, mas também a questão subjacente de saber para onde vai a UE, que competências deveria ter a Europa e o que deveria ser controlado pelos Estados-nação”, afirmou a chanceler, reiterando o apelo a um entendimento com Varsóvia.
O legado polémico e multifacetado de Merkel sofreu uma viragem mais claramente pró-europeia com a chegada de Donald Trump à Casa Branca, viragem reforçada pelo Brexit e pelas crises quase sucessivas da maré de refugiados da Síria e da Líbia, à qual reagiu com uma inesperada política de portas abertas, seguida da pandemia. Na resposta a esses desafios, Merkel foi crucial na definição do plano de relançamento económico, que pela primeira vez na História da UE permitiu emissão conjunta de dívida, para criar um orçamento de 750 mil milhões de euros destinado à recuperação pós-Covid-19.n
Merkel
PORMENORES
APELO À CONCILIAÇÃO COM A POLÓNIA E A UMA DEFINIÇÃO DO RUMO DA UE
Dezenas de líderes
Nos seus quatro mandatos, Merkel conviveu com cinco Presi- dentes franceses, cinco PM britânicos, oito italianos, três espa- nhóis e três portugueses: Sócra- tes, Passos Coelho e Costa.
Aplaudida por líderes da UE
Os líderes europeus homenagearam ontem Merkel com um prolongado aplauso em pé, naquele que foi, diz-se, o 107º Conselho Europeu a que assistiu como líder da Alemanha.