Bilhete Postal
23.10.21
Asaída de cena de Merkel é um momento perigoso para a Europa. A chanceler odiada por meio continente abandona o poder com um raríssimo aplauso geral. A ovação de pé no conselho de ontem é uma justa homenagem à mulher que salvou o euro na crise financeira, que agarrou os países endividados do Sul, como Portugal, e que mais contribuiu para a estabilidade da locomotiva alemã.
Merkel mostrou-se uma verdadeira europeísta. Nunca embarcou no fundamentalismo financeiro. Reconheceu, na teoria e na prática, que a Alemanha paga, mas é a grande beneficiada pelo mercado único europeu. Isso deu origem a compromissos em momentos-chave.
Entre nós, ‘zurzir na Merkel’ chegou a ser o passatempo preferido da esquerda. Com os tempos conturbados que vivemos, os que mais a odiaram rapidamente terão saudades da chanceler.