Picadas sazonais
Rui Rio é presidente do PSD há quase quatro anos. E, nesse tempo, confesso que só o vi ‘picado’ duas vezes: a primeira, quando Luís Montenegro e Miguel Pinto Luz lhe disputaram a liderança; e agora, quando Paulo Rangel se prepara para fazer o mesmo. É coisa assaz bizarra.
Em teoria, o líder da oposição sente-se ‘picado’ com o governo. Mas Rio é feito de outra matéria: depois de
RIO SÓ ACORDA QUANDO OS COLEGAS DE PARTIDO QUEREM
DEBATER
ter dispensado o primeiro-ministro de debater no Parlamento com regularidade (isso dá-lhe sono, presume-se), Rio só acorda quando os colegas de partido querem debater com ele.
Perante esta grave dissonância, uma pessoa pergunta honestamente se Rui Rio não estaria melhor a chefiar o próprio PS – e com vantagens para ambas as partes. Para o PS, isso seria a garantia de uma oposição feroz a um eventual governo do PSD. E, para Rio, seria a realização plena de uma vocação até agora desperdiçada.n