‘Cartão Vermelho’. O que teme o Benfica?
Arevelação das escutas do processo ‘Cartão Vermelho’ tem dado um imprescindível contributo para a clarificação de um período nebuloso da história do Benfica. Essencialmente do Benfica, mas também de um certo ‘modus operandi’ dos bastidores do futebol português. Obviamente no meio do procedimento, a que muitos chamam voyeurismo, há detalhes que não passam de conversas de vão de escada, com pouco ou nenhum interesse processual. Mas até esses relatos ajudam a perceber relacionamentos e conveniências de ocasião que dão contexto a procedimentos que, numa leitura superficial, pareciam inócuos. Estes detalhes (chamemos-lhes assim) são, no limite, o preço a pagar em favor de um bem maior: a verdade. A verdade sobre práticas reiteradas. Sobre formas de atuação. No fundo, sobre ética
TRANSFORMAR PREVARICADORES EM VÍTIMAS PARECE
EXCESSIVO
(ou falta dela), que é disso que se trata.
Espanta, por tudo isto, que haja quem condene a publicação das escutas. Como aconteceu no decorrer desta semana. O Benfica, através de um escrito na sua newsletter, insurgiu-se contra as revelações que têm vindo a ser feitas. E num exercício de retórica, procura transformar o relato das reveladoras conversas num ataque ao clube. Trata-se de um erro tremendo. Os atuais responsáveis do Benfica deveriam ser os primeiros interessados na prossecução daquilo a que poderíamos chamar uma auditoria à moral e bons costumes da instituição da Luz. Ninguém lhes pede que aplaudam tudo isto. Mas transformar prevaricadores em vítimas parece excessivo. Quem não deve não teme, diz o povo na sua proverbial sabedoria. O que teme então o Benfica? Investigue-se.n