O desastre da campanha
Oponto mais fraco de Costa sempre foram as campanhas eleitorais. É desastrado na escolha das frases fortes e das bandeiras com que marca as diferenças para os adversários.
Esta campanha confirma a regra. O trambolhão nas sondagens fica Costa a devê-lo à sua vertigem hiperbólica com a prisão perpétua. Diabolizar este instituto, que vigora em países com que Portugal até à náusea se compara, é um erro crasso. Associar prisão perpétua com racismo, tornou o desastre completo. A prisão perpétua, com possibilidade de revisão periódica, é exatamente a fronteira que os partidos democráticos podem traçar face aos populistas, que tenderão para defender a pena de morte, esta sim inaceitável por irreversível. Um líder do PS, dependente do voto do centro, num País envelhecido e securitário, não deve levar esse tema às urnas.
Com o ainda primeiro-ministro seguem também os erros de um Governo pejado de gente pouco competente. O último exemplo é o exercício do voto das pessoas infetadas. Então às 18 horas do próximo domingo, os eleitores não infetados e os pobres delegados de mesa sujeitam-se aos contágios que levaram o Governo a fechar o País? Que loucura!
Se, apesar das fragilidades, Costa aspira à estabilidade de uma maioria absoluta, deve declará-lo todos os dias, do alto da sua voz tonitruante, junto com o que se propõe fazer nos temas que mais interessam aos eleitores. Mas tudo indica que o comboio da maioria absoluta já passou. A alta velocidade.n
ASSOCIAR PRISÃO PERPÉTUA COM RACISMO TORNOU O DESASTRE COMPLETO