“Ele podia ainda cá estar”
CASO Bebé morre sem assistência, já que a Viatura Médica de Emergência e Reanimação não tinha qualquer clínico escalado FAMÍLIA Gabriel tinha apenas 8 dias. Pais garantem fazer tudo para que seja feita justiça
Gabriel viveu apenas oito dias. Na manhã de quinta-feira, Osvaldo Francisco viu o filho “ficar roxo”, quase sem respirar. Ligou para o 112 e esteve sempre em contacto com o Centro de Orientação de Doentes Urgentes, que foi dando indicações até à chegada dos Bombeiros de Portalegre, a única assistência mobilizada. A Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) de Portalegre foi acionada, mas não saiu, já que não havia médico escalado entre “as 09h00 e as 15h40”. O pedido de socorro foi feito cerca das 09h33. O Ministério Publico já instaurou um inquérito para apurar as causas da morte, após a alegada falta de socorro médico.
“Ele podia ainda cá estar”, acredita o pai, Osvaldo Francisco, acrescentando que já trabalhou em emergência médica. “Sei a diferença que é ter o apoio da VMER. Podia ter sido diferente, pois quando os bombeiros chegaram, o menino estava a respirar. Eles fizeram tudo, foram rápidos a chegar, mas não conseguiram”, desabafa.
Devastado, o casal pede que seja feita justiça. “Vamos fazer de tudo, até porque já é o segundo bebé que perdemos num ano, e ambos por negligência médica”, refere o pai de Gabriel. Osvaldo não esquece a filha que perdeu, quando ainda estava na barriga da companheira, no ano passado. Um desfecho que atribui ao “mau acompanhamento por parte do médico do Hospital de Portalegre”. O casal está agora referenciado para acompanhamento psicológico. O corpo de Gabriel seguiu para autópsia em
Lisboa, para que sejam apuradas as causas da morte.
Vera Escoto, diretora clínica da Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano, admitiu que não havia médico disponível quando foi pedido o socorro e adiantou que “foram feitas todas as diligências para que fosse possível resolver o problema”. Referiu ainda que a unidade hospitalar abriu um inquérito interno. O CM questionou o Ministério da Saúde, que remeteu esclarecimentos para o INEM e hospital. Sobre o caso, o Instituto recusa comentar.n
HOSPITAL ADMITE TER ESTADO PELO MENOS SEIS HORAS SEM MÉDICO