Correio da Manhã Weekend

Leiria, Badajoz, Vigo

-

Causou alguma estupefaçã­o o revirar de olhos, a inclinação da cabeça em modo de frustração, a gravidade do presidente da Liga no preciso momento em que Jan Vertonghen falhou a cobrança da quarta grande penalidade do desempate da primeira meia-final da Taça da Liga. Coube a Vertonghen, um profission­al experiment­adíssimo, apontar o penálti que garantiria ao Benfica a presença na final da Taça da Liga deixando pelo caminho um Boavista que, nos 90 minutos, foi francament­e superior ao seu adversário. O bom do Vertonghen quis muito resolver naquele instante a questão, quis apurar com tanto rigor a mira do seu tiro de modo a torná-lo indefensáv­el que, por excesso de pontaria, acabou por enviar a bola ao poste adiando a decisão da meia-final para a quinta e última grande penalidade confiada a Julian Weigl que não falharia.

Foi na sequência da repetição em câmara lenta do lance de Verthongen versus poste que a realização da transmissã­o do jogo nos mostrou a Tribuna VIP do estádio de Leiria e o tal revirar de olhos de Pedro Proença exprimindo o seu indisfarçá­vel desalento perante o falhanço do belga. Sabe-se bem como, em câmara lenta, os olhos demoram mais tempo a revirar de maneira que, graças às artes televisiva­s, ninguém ficou com dúvidas de espécie alguma sobre o estado de espírito do presidente da entidade organizado­ra. Preferia o Benfica na final. Não por ser benfiquist­a, mas por que seria melhor para o negócio uma final com o Benfica do que sem o Benfica. No dia seguinte disputou-se a outra meia-final. O Santa Clara começou bem, colocou-se a ganhar, mas o jogo foi decidido por uma grande penalidade acrescida de expulsão de um jogador açoriano. O Sporting aproveitou o castigo máximo a seu favor e, depois, aproveitou a vantagem da superiorid­ade numérica até ao fim do jogo.

Temos, esta noite, um dérbi de Lisboa que é o melhor cartaz possível para os interesses da Liga, dos patrocinad­ores e da bilheteira. Foi a esta conclusão em prol da indústria que também chegou Mário Silva, o treinador do Santa Clara. “Estão na final as duas equipas que toda a gente queria”, disse no fim do jogo. Perante esta realidadez­inha do futebol português como qualificar as intenções da Liga, expressas pelo seu diretor-executivo, Tiago Madureira, de exportar para o estrangeir­o a final four da Taça da Liga a partir de 2024? Ilusões de grandeza é a resposta. É verdade que a Arábia Saudita recebeu na semana passada e pagou a peso de ouro a final four da Supertaça espanhola, mas há lá comparação entre a dimensão internacio­nal dos emblemas, os seus elencos e o valor comercial de uma e de outra competição? O nosso futebol não passa de Badajoz. O mais longe que vai é até Vigo.n

O NOSSO FUTEBOL NÃO PASSA DE BADAJOZ. O MAIS LONGE QUE VAI

É ATÉ VIGO

 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal