Fazer de conta
António Costa é responsável por várias proezas. Mas a maior delas é a redefinição da palavra ‘austeridade’: ela só existe, segundo o manual do primeiro-ministro, quando há cortes visíveis nos salários e nas pensões. O resto – ‘cativações’ nos serviços públicos; desinvestimento; subida de impostos; inflação – não é bem ‘austeridade’. Porquê? Porque os salários e as pensões, nominalmente, continuam no mesmo sítio. Para um
APESAR DE ESCONDIDA, A AUSTERIDADE NUNCA NOS ABANDONOU
povo semi-alfabetizado em questões económicas, imagino que isto deve chegar.
Fatalmente, não chega para o Presidente da República, que pediu mais investimento em Defesa e, perante as resistências do governo, fez uma pergunta que não se limita às Forças Armadas: ‘Passamos a viver em troika?’
Marcelo sabe que, em rigor, a troika nunca nos abandonou. Mas agora, com a inflação e a crise que a pandemia e a guerra na Ucrânia nos trouxeram, vai ser mais difícil fazer de conta.n