Ri quem pode, faz comédia quem deve
TONI SERVILLO ENCHE O ECRÃ EM `O REI DO RISO', UM FILME SOBRE UM GRANDE CÓMICO ITALIANO E UMA PARÁBOLA SOBRE O PODER E O RESPEITINHO
O ator Eduardo Scarpetta (1853-1925)foiaprincipalfi- gura do mundo do espetá-
culo na Nápoles da ‘Belle Époque’. O êxito nos palcos, a turbulência da vida fami- liar, as relações com o poder e com personalidades mar- cantes da cultura italiana fi- caram para a história e des- filam por este filme, com destaque para o filósofo e historiador Benedetto Cro- ce e, sobretudo, o poeta e lí- der nacionalista Gabriele D’Annunzio (que a seguir à I Guerra Mundial chegou a formar um exército particular e ocupou durante mais de um ano a cidade fronteiriça de Fiume, hoje Rijeka, na Croácia). É justamente uma paródia de Scarpetta a um drama de D’Annunzio que está no centro da intriga de ‘O Rei do Riso’, cujo título original pode traduzir-se por ‘Aqui rio eu’ - um remoque à eterna luta entre o poder e o respeitinho, numa época que culminou com a ascensão do fascismo em Itália.
Prémios e nomeações
Scarpetta é interpretado pelo fabuloso Toni Servillo, provavelmente o melhor ator italiano da atualidade além do protagonista de ‘A Grande Beleza’ e do monge cartuxo de ‘Políticos Não se
Confessam’, as suas criações dos antigos primeiros-ministros Giulio Andreotti (‘Il Divo’) e Silvio Berlusconi (‘Silvio e os outros’) são mais credíveis do que os originais. ‘O Rei do Riso’ já valeu ao realizador Mario Martone (‘Vítima e Carrasco’, ‘O Odor do Sangue’) várias nomeações e prémios no Festival de Veneza e noutros certames italianos e internacionais.