A civilização do futuro
Ahistória mostra que o avanço da civilização depende do uso de energia. O astrónomo soviético Nikolai Kardashev propôs em 1964 uma escala de civilização baseada no consumo de energia. Uma civilização de tipo I conseguirá aproveitar toda a energia disponível no seu planeta, incluindo a que chega da sua estrela; uma civilização de tipo II aproveitará toda a energia produzida pela sua estrela; e uma civilização de tipo III aproveitará a maior parte da energia da sua galáxia, que contém cerca de 100 mil milhões de estrelas.
Segundo dados recentes do consumo energético e usando uma fórmula proposta pelo astrofísico americano Carl Sagan para passar o valor da energia consumida para a escala de Kardashev, a nossa civilização é do tipo 0,73. Quando é que seremos uma civilização de tipo I?
Uma equipa internacional de cientistas, encabeçada pelo físico americano Jonathan Jiang, que trabalha no Jet Propulsion Laboratory da NASA, acaba de calcular que atingiremos essa civilização no século XXIV, mais precisamente no ano 2371. As contas são relativamente simples de fazer. Previu-se uma taxa de crescimento de 2,5% (talvez ambiciosa), a diminuição drástica, ainda neste século, da queima de combustíveis fósseis (de acordo com as recomendações do Painel Internacional de Alterações Climáticas das Nações Unidas), e um ‘mix’ energético composto por dois terços de energias renováveis (actualmente é apenas 23%) e um terço de energia nuclear (hoje é cerca de 10%). Esta transição energética não se fará sem uma descontinuidade: antes de voltarmos a crescer teremos, e já a curto prazo, de diminuir o consumo de energia, descendo um pouco na escala de Kardashev. Seremos capazes? Jiang e os seus co-autores citam o sério aviso da cientista do ambiente Jennifer Balch: “Não só temos o pé a fundo no acelerador, mas também vamos sem travões.”
“Com o pé a fundo no acelerador, mas também sem travões”