“Mariupol está a ser torturada até à morte”
OPresidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou ontem a Rússia de “torturar até à morte” a cidade de Mariupol, que foi completamente reduzida a escombros após mais de dois meses de cerco e bombardeamentos constantes.
“A cidade de Mariupol não pode cair, porque já não existe. Está completamente destruída. Isto não é guerra, não é um ato militar. Isto é tortura até à morte. Isto é terrorismo e ódio”, afirmou Zelensky num discurso por videoconferência perante diplomatas e académicos britânicos. Para o Presidente ucraniano, a destruição de Mariupol é um exemplo da estratégia russa de usar “a tortura e a fome como armas de guerra”. “É a prova da desumanidade e crueldade com que o Exército russo trata as populações”, acrescentou, acusando os líderes políticos e militares russos de agirem com impunidade por considerarem que nunca serão responsabilizados. “Julgam que nunca serão julgados por crimes de guerra porque têm armas nucleares. “Discutem na televisão quanto tempo um míssil nuclear levará a atingir as capitais europeias. Falam abertamente como fazer explodir uma bomba nuclear no oceano para arrasar as Ilhas Britânicas. Gabam-se de ter poder para reduzir qualquer país a cinzas. Acham que têm impunidade total”, acusou Zelensky.
Após semanas de bombardeamentos e combates violentos, as forças russas controlam completamente a cidade de Mariupol com exceção do complexo industrial de Azovstal, onde estão entrincheirados pelo menos 200 civis e algumas centenas de militares ucranianos, muitos deles feridos. A Rússia decretou ontem um cessar-fogo de três dias para permitir a retirada dos civis e estava em curso uma nova operação humanitária conduzida pela ONU e pela Cruz Vermelha. Pelo menos três autocarros com cerca de meia centenas de civis, incluindo crianças, conseguiram sair do local durante a tarde de ontem, apesar de as forças russas terem violado o cessar-fogo ao dispararem contra uma das viaturas da caravana, matando um militar ucraniano e ferindo outros seis. O governo ucraniano acredita que as forças russas querem tomar Azovstal este fim de semana para que Putin possa clamar que a cidade foi totalmente ‘libertada’ nas celebrações do Dia da Vitória sobre a Alemanha Nazi, na segunda-feira.n
PRESIDENTE UCRANIANO DENUNCIA “IMPUNIDADE TOTAL” DA RÚSSIA