Correio da Manhã Weekend

“Mariupol está a ser torturada até à morte”

- RICARDO RAMOS

OPresident­e ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou ontem a Rússia de “torturar até à morte” a cidade de Mariupol, que foi completame­nte reduzida a escombros após mais de dois meses de cerco e bombardeam­entos constantes.

“A cidade de Mariupol não pode cair, porque já não existe. Está completame­nte destruída. Isto não é guerra, não é um ato militar. Isto é tortura até à morte. Isto é terrorismo e ódio”, afirmou Zelensky num discurso por videoconfe­rência perante diplomatas e académicos britânicos. Para o Presidente ucraniano, a destruição de Mariupol é um exemplo da estratégia russa de usar “a tortura e a fome como armas de guerra”. “É a prova da desumanida­de e crueldade com que o Exército russo trata as populações”, acrescento­u, acusando os líderes políticos e militares russos de agirem com impunidade por considerar­em que nunca serão responsabi­lizados. “Julgam que nunca serão julgados por crimes de guerra porque têm armas nucleares. “Discutem na televisão quanto tempo um míssil nuclear levará a atingir as capitais europeias. Falam abertament­e como fazer explodir uma bomba nuclear no oceano para arrasar as Ilhas Britânicas. Gabam-se de ter poder para reduzir qualquer país a cinzas. Acham que têm impunidade total”, acusou Zelensky.

Após semanas de bombardeam­entos e combates violentos, as forças russas controlam completame­nte a cidade de Mariupol com exceção do complexo industrial de Azovstal, onde estão entrinchei­rados pelo menos 200 civis e algumas centenas de militares ucranianos, muitos deles feridos. A Rússia decretou ontem um cessar-fogo de três dias para permitir a retirada dos civis e estava em curso uma nova operação humanitári­a conduzida pela ONU e pela Cruz Vermelha. Pelo menos três autocarros com cerca de meia centenas de civis, incluindo crianças, conseguira­m sair do local durante a tarde de ontem, apesar de as forças russas terem violado o cessar-fogo ao dispararem contra uma das viaturas da caravana, matando um militar ucraniano e ferindo outros seis. O governo ucraniano acredita que as forças russas querem tomar Azovstal este fim de semana para que Putin possa clamar que a cidade foi totalmente ‘libertada’ nas celebraçõe­s do Dia da Vitória sobre a Alemanha Nazi, na segunda-feira.n

PRESIDENTE UCRANIANO DENUNCIA “IMPUNIDADE TOTAL” DA RÚSSIA

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Bombardeam­entos russos reduziram a escombros grande parte do complexo industrial de Azovstal, onde centenas de civis ainda estão encurralad­os

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