‘Milagre do Tejo’ tem de ser treinado
RELATÓRIO Avioneta amarou no rio após falha no motor. Sem vítimas
O‘milagre do Tejo’, em que o piloto veterano António Frade amarou no rio, frente à Trafaria, uma avioneta cujo motor tinha parado após “falha catastrófica por fratura da cambota”, salvando-se a si e ao aluno só com arranhões, bem como as centenas de pessoas nas praias que sobrevoou na manhã de 30 de agosto de 2015, é uma manobra que ficou “implementada” no treino. O Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves - que publicou agora o relatório final - afirma que “o
CASO OCORRIDO 2 ANOS DEPOIS, COM 2 MORTOS, ARRASTA-SE NA JUSTIÇA
evento reforça a necessidade de estas [aeronaves monomotor] estarem equipadas com dispositivos de flutuação e respetivo treino dos ocupantes”.
O Cessna saíra de Tires com uma manga publicitária. António Frade, de 72 anos, seguia com um piloto, de 22, em formação. Sobre o Tejo, a 182 metros de altitude, o motor perdeu potência. Largou a manga já sobre terra. O motor parou. Apontou à praia dos silos da
Trafaria, deserta. Empurrado pelo vento, não conseguiu, e “já muito próximo da superfície da água”, o piloto nivelou asas, pôs o nariz para cima e amarou. Foram resgatados por pescadores.
A investigação diz que não foram cumpridas “instruções de manutenção” e ignoradas vibrações. Entretanto, o operador adotou “medidas de mitigação do risco”, como treino de amaragens afastadas das praias e junto a barcos, e uso de coletes.
Dois anos depois, uma avioneta ficou sem motor na mesma zona e o piloto optou por aterrar na praia de S. João da Caparica, matando dois banhistas. O caso arrasta-se nos tribunais.n