Correio da Manhã Weekend

Tempos difíceis

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Há nuvens negras no horizonte da economia nacional. A inflação é galopante, ultrapassa já os 7% e também se prenunciam os efeitos negativos da guerra. Em todo o Ocidente iremos sentir dificuldad­es. Mas em Portugal, será pior. Porque a economia é débil e os governante­s apenas se preocupam em garantir os privilégio­s dos grandes grupos económicos, em detrimento do bem-estar do povo.

A primeira vaga de inflação – que muitos querem desculpar com a guerra na Ucrânia – resulta directamen­te da pandemia. Durante os últimos dois anos, marcados pela Covid, muitas empresas diminuíram a sua produção e este decréscimo provocou também uma redução da actividade dos transporte­s. Com menos oferta de produto e menor acesso aos mercados, a oferta reduziu brutalment­e; quando a procura mundial retornou a níveis aceitáveis, não havendo oferta, os preços dispararam. Era expectável. Esta crise inflacioni­sta foi ainda agravada pela invasão da Ucrânia pela Rússia, com o aumento significat­ivo dos preços da energia, de que a Rússia é um dos principais fornecedor­es.

O aumento da inflação irá provocar igual aumento acentuado das taxas de juro. As consequênc­ias na economia das famílias e das empresas será terrível. Como as famílias estão super-endividada­s – com o crédito da habitação, do automóvel e outros – as rendas a pagar ao banco irão disparar e o rendimento familiar disponível irá diminuir considerav­elmente. Nas empresas, o cenário será igualmente negro, pois o aumento das taxas de juro agravará os custos financeiro­s e inibirá novos investimen­tos. Acresce que, terminado o período em que as empresas beneficiav­am de moratórias bancárias (e, em alguns sectores até nas rendas) os empresário­s têm agora de pagar os encargos actuais e compensar os que herdaram dos tempos de pandemia. A resistênci­a de famílias e empresas neste contexto será muito difícil. Porque as famílias têm escassas poupanças, o tecido empresaria­l é subfinanci­ado e a economia portuguesa é das mais frágeis da Europa.

E o governo? Este, que poderia nesta fase aliviar a carga fiscal, apoiar as economias familiares, prefere gastar o dinheiro dos nossos impostos em apoios à Banca ou a pagar rendas milionária­s aos concession­ários das parcerias público-privadas rodoviária­s.n

COM A GUERRA NA UCRÂNIA – RESULTA DIRECTAMEN­TE DA

PANDEMIA

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