Correio da Manhã Weekend

“Vi-o morto no sofá e havia sangue no chão”

RELATO  Ana Maria, de 54 anos, diz aos juízes: “Não me lembro de nada” CRIME  Matou marido com 14 facadas e cravou-lhe machada na cabeça

- NELSON RODRIGUES

Ana Maria, de 54 anos, recorda-se de tudo o que aconteceu antes e depois da morte de Manuel Vieira, de 58. Mas, aos juízes do Tribunal de Aveiro disse não se lembrar do momento em que terá desferido 14 facadas no corpo do marido, na casa onde viviam, na Murtosa, nem de lhe ter cravado uma machada na cabeça, faz hoje precisamen­te um ano.

“Não me lembro de nada. Naquele dia estávamos os dois no sofá e vi a faca e a machada na

FALA EM DEPRESSÃO QUE SE AGRAVOU DEPOIS DE TER COVID-19

mesa da sala. Estavam ali para afiar pois eu ia matar frangos no dia seguinte e ele cortar lenha. Depois tive uma falha de memória. Só tenho em mente ver o meu marido morto no sofá com sangue a escorrer pelo chão”, disse ontem a arguida, que está presa, em internamen­to preventivo. Responde por homicídio qualificad­o. Explicou aos magistrado­s que, ao perceber que o marido estava morto, ligou à filha. “Disse-lhe: ‘o teu pai está morto’. Depois fui afiar a faca, que estava cheia de sangue. Piquei-me no peito com ela. Queria-me matar. Mas depois pensei no meu netinho e fui para casa da minha mãe, que chamou a GNR”, descreveu.

Ana Maria diz que sofria de depressão e que o facto de ter estado infetada e em isolamento por causa da Covid-19, agravou o seu estado de saúde. “Tinha medicação, mas nem sempre a tomava. Andava sempre cansada, sem dormir e a chorar”, explicou ao coletivo de juízes.n

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1 Ana Maria, de 54 anos, ontem a chegar a tribunal 2 Manuel Vieira, de 58
2 1 1 Ana Maria, de 54 anos, ontem a chegar a tribunal 2 Manuel Vieira, de 58

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