“Nem para eles foram bons”
ERROS Russos ocuparam Chernobyl em fevereiro e permaneceram cerca de um mês, durante o qual cavaram trincheiras numa zona de elevada radiação, expondo-se a riscos sérios para a saúde
Nem para eles foram bons. Construíram trincheiras e muitos saíram daqui doentes”, afirmou ao CM uma testemunha da presença dos russos em Chernobyl. Chegaram em fevereiro e provocaram o aumento de radiação junto à antiga central nuclear, onde em 1986 se registou o maior desastre nuclear da História.
Vieram pela Bielorrússia e, a 24 de fevereiro, entraram na ‘zona de exclusão’ à volta da central, a norte de Kiev. Os níveis de radioatividade são aí muito elevados. O risco de um novo desastre nuclear, como o de 1986, era o principal receio. Apesar de o Governo ucraniano ter reforçado a segurança, não bastou: os invasores entraram e instalaram-se durante um mês.
O CM esteve na cidade e junto ao local onde os russos assentaram arraiais. Quem lá estava quando chegaram não tem dúvidas de que a presença tinha um objetivo: ameaçar. Construíram trincheiras na ‘zona de exclusão’ e na ‘Floresta Vermelha’, criando perigo para a região e para si mesmos - pois as escavações e a passagem dos tanques e artilharia aumentaram a radiação. “Eu estava aqui quando chegaram. Mas sobre o que se passou enquanto cá estiveram pouco ou nada soubemos. Não estávamos autorizados a entrar. Só conseguíamos saber o que se passava aqui na cidade de Chernobyl”, explicou Oleksandr Skirta, uma das pessoas que ali trabalham. “Começaram a entrar nas casas, a partir portas e a roubar tudo”, disse. Para Oleksandr, os russos cometeram diversos erros, desde logo para a saúde dos próprios. “Não usaram proteção e estiveram a fazer trincheiras nas zonas proibidas. Depois, os tanques deixavam areia cheia de radioatividade pelo caminho. Nem para eles foram bons”, observou, acreditando, no entanto, que o russos não queriam era bombardear a região. “Sabiam o perigo que era fazê-lo, no entanto, a guerra é imprevisível”, lembrou. Agora é tempo de os trabalhadores que mantêm a segurança da central nuclear desativada avaliarem os estragos e perceberem as consequências da passagem russa em termos de radioatividade aumentada.n