Radicado em Portugal há 30 anos, Richard Zenith é escritor, tradutor e especialista pessoano. Organizador do ‘Livro do Desassossego’, cocomissário da exposição de 2010, em São Paulo, edita também em 2022 ‘Fernando Pessoa, Diários e Escritos Autobiográfico
“Descobri que os tais jogadores não eram alunos do liceu, nem apareciam nos anuários de Durban”
palhados pela família em armários. Para mim foi antes uma arqueologia. Pessoa guardava muitos papéis, mesmo quando era pequeno, em Durban. Ele tanto guardava um verso para um poema como apontamentos relacionados com a vida quotidiana, dinheiro que devia, ideias para viagens, e com essas pequenas peças foi-se montando a sua vida. Descobri muitas coisas. Um exemplo: em Durban encontrei nos seus papéis os nomes de equipas de râguebi, futebol, críquete, com jogos, resultados dos jogos, e eu pensei: “Pessoa não era atleta mas seguia os atletas do liceu de Durban onde estudava, era entusiasta e tanto era que registava os nomes das equipas, etc., etc.” Mas depois, a fazer pesquisa dos nomes desses tais jogadores descobri que não eram alunos do liceu e nem mais tarde, quando já se