As mãos sujas de sangue
Salvador Rolando Ramos, norte-americano de origem ‘hispânica’, que completou 18 anos e deixou oficialmente de ser menino a 16 de maio, matou a tiro 19 crianças e duas professoras numa escola primária do Texas. Como a polícia o ‘abateu’ no decurso do massacre, extinguiu-se a responsabilidade penal. Se esta notícia fosse uma estória infantil, concluiríamos que os sobreviventes serão felizes para sempre.
Mas se ninguém responde pela prática dos crimes, há responsabilidades morais e políticas que não podem ser ignoradas. Muitos políticos empenhados na inversão do acórdão Roe contra Wade, que reconhece o direito de interromper a gravidez da mulher, defendem o regime anacrónico de uso e porte de armas da 2ª ‘emenda’ para agradar aos eleitores e retribuir a generosidade da indústria de armamento.
Numa sociedade em que os confrontos atingem uma violência inaudita, chegámos a assistir, após a aprovação do acórdão do Supremo Tribunal, em 1973, a confrontos entre adeptos da vida (‘pro lifers’) e adeptos da livre escolha (‘pro choicers’), em que os primeiros acabaram a alvejar a tiro os segundos à porta de clínicas. Graças a armas compradas com inteira liberdade em estabelecimentos da especialidade!
Chegou a hora de Presidente, congressistas e governadores reverem a norma que reconhece o direito indiscriminado de uso e porte de arma, inspirando-se, para pior, no nº 7 da Declaração de Direitos inglesa de 1689 que a antecedeu em um século. Apesar de ser necessária uma maioria de dois terços de representantes e senadores e de três quartos dos Estados federados, é o futuro dos filhos que o impõe.n
CHEGOU A HORA
DE REVER O DIREITO DE USO E PORTE DE ARMA
NOS EUA