Um sinal errado
NOTA EDITORIAL
António Almeida Costa é um homem de muitas dimensões. Uma das mais importantes, antes da polémica que o envolve sobre a ida para o Tribunal Constitucional, era a que resultava da decisiva lucidez das suas opiniões sobre o crime de corrupção, publicadas nos idos de 80, numa altura em que não existia doutrina, o crime não era de moda e os governos não legislavam sobre ele. As suas 144 páginas sobre a corrupção perduram como um farol que iluminou muitas consciências. Persistem outras dimensões que o transformam agora numa pessoa nada recomendável para juiz do TC. Na questão do aborto sempre esteve mais perto das posições conservadoras da Igreja. Também a liberdade de imprensa não iluminou a sua consciência jurídica e ficou-se pela conversa de café dos 3 mil euros e do funcionário judicial. Não é um ativista ideológico, o que lhe retira algum perigo. Mas em tempos de escuridão no ataque a avanços civilizacionais, como os que deram o adequado poder de escolha à mulher, no aborto, ou como a jurisprudência do Tribunal Europeu, na proteção da liberdade de imprensa, Almeida Costa é um sinal errado à sociedade.n
ALMEIDA COSTA
SEMPRE ESTEVE COM
AS POSIÇÕES DA IGREJA NO ABORTO