Correio da Manhã Weekend

Feridos viajam seis horas DE COMBOIO

As macas fazem a transferên­cia da ambulância para o vagão, onde os feridos seguem depois para unidades hospitalar­es “O inimigo está novamente a atacar a população civil, aterroriza­ndo-a”, diz o governador da região

- AURELIANA GOMES TEXTO PEDRO ESCOTO IMAGEM

Aestação de metro de Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, serve de ponte para o transporte de militares feridos em combate. Ontem de manhã, várias ambulância­s estacionar­am junto à linha onde um comboio esperava para receber militares feridos. As macas fazem a transferên­cia da ambulância para o vagão, onde os feridos seguem depois para unidades hospitalar­es, no caso de ontem, em Kiev, numa viagem que dura no mínimo seis horas.

Se de um lado da linha se faz o transporte de combatente­s feridos, do outro lado, chega um comboio vindo da capital, completame­nte lotado. Percebe-se, pelos calorosos abraços. Gente que fugiu da região no início dos confrontos e que agora regressa - esta foi uma das regiões mais fustigadas pelas tropas russas. Agora que a situação está mais calma, os russos abandonara­m o centro há cerca de uma semana, as pessoas - principalm­ente mulheres e crianças - começam a regressar para ajudar a reconstrui­r o que os invasores destruíram nos dois meses e meio que ali estiveram.

Kharkiv começa, assim, a retomar lentamente a normalidad­e. Alguns estabeleci­mentos já abriram as portas, o metro retomou a circulação esta semana. Kharkiv, que há uma semana era uma “cidade-fantasma”, começa a ganhar vida, já com muitas pessoas nas ruas.

Mas o medo de que os bombardeam­entos, que se ouvem a poucos quilómetro­s, atinjam a cidade é ainda elevado, o que levou já o governador da região a alertar para o perigo de nova invasão. “É muito cedo para relaxar”, disse Oleh Synehubov, relatando fortes combates no Norte e a Nordeste da cidade. “O inimigo está novamente a atacar a população civil, aterroriza­ndo-a”, acrescento­u. Soube-se, mais tarde, que pelos menos sete pessoas morreram ontem nestes confrontos.

Kharkiv fica a 30 quilómetro­s da fronteira russa, pelo que o perigo é constante.n

COMBOIOS REGRESSAM COM MUITAS PESSOAS QUE FUGIRAM DA GUERRA

 ?? ?? Metro de Kharkiv já reabriu, mas a cidade está longe de viver dias de tranquilid­ade
Metro de Kharkiv já reabriu, mas a cidade está longe de viver dias de tranquilid­ade
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Foram destruídas inúmeras habitações durante a invasão russa
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