Feridos viajam seis horas DE COMBOIO
As macas fazem a transferência da ambulância para o vagão, onde os feridos seguem depois para unidades hospitalares “O inimigo está novamente a atacar a população civil, aterrorizando-a”, diz o governador da região
Aestação de metro de Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, serve de ponte para o transporte de militares feridos em combate. Ontem de manhã, várias ambulâncias estacionaram junto à linha onde um comboio esperava para receber militares feridos. As macas fazem a transferência da ambulância para o vagão, onde os feridos seguem depois para unidades hospitalares, no caso de ontem, em Kiev, numa viagem que dura no mínimo seis horas.
Se de um lado da linha se faz o transporte de combatentes feridos, do outro lado, chega um comboio vindo da capital, completamente lotado. Percebe-se, pelos calorosos abraços. Gente que fugiu da região no início dos confrontos e que agora regressa - esta foi uma das regiões mais fustigadas pelas tropas russas. Agora que a situação está mais calma, os russos abandonaram o centro há cerca de uma semana, as pessoas - principalmente mulheres e crianças - começam a regressar para ajudar a reconstruir o que os invasores destruíram nos dois meses e meio que ali estiveram.
Kharkiv começa, assim, a retomar lentamente a normalidade. Alguns estabelecimentos já abriram as portas, o metro retomou a circulação esta semana. Kharkiv, que há uma semana era uma “cidade-fantasma”, começa a ganhar vida, já com muitas pessoas nas ruas.
Mas o medo de que os bombardeamentos, que se ouvem a poucos quilómetros, atinjam a cidade é ainda elevado, o que levou já o governador da região a alertar para o perigo de nova invasão. “É muito cedo para relaxar”, disse Oleh Synehubov, relatando fortes combates no Norte e a Nordeste da cidade. “O inimigo está novamente a atacar a população civil, aterrorizando-a”, acrescentou. Soube-se, mais tarde, que pelos menos sete pessoas morreram ontem nestes confrontos.
Kharkiv fica a 30 quilómetros da fronteira russa, pelo que o perigo é constante.n
COMBOIOS REGRESSAM COM MUITAS PESSOAS QUE FUGIRAM DA GUERRA