JOSÉ MOTA “SEI O MEU VALOR E A AMBIÇÃO QUE TENHO”
META Só fica no Leixões se condições melhorarem. Diz que tem tido “excelente trabalho” ao longo de uma carreira da qual ainda espera mais CRÉDITO FC Porto e Conceição merecem elogios SÁBADO
Mais Sport - Qual o balanço da passagem pelo Leixões? José Mota - É muito positivo. Quando cheguei (2020/21), a equipa estava em último lugar. Pediram-me que tentasse consolidar o Leixões, que fizesse um trajeto tranquilo e que não descesse de divisão. Com grandes
dificuldades em termos de aquisições (não tivemos nenhumas no mercado de janeiro) valorizámos uma série de jogadores sub-23 e potenciámo-los. Terminámos o campeonato num 10º lugar bem tranquilo. - Esta época foi complicada? - Sabíamos que iria ser muito difícil, pelas dificuldades financeiras, logísticas e materiais, e por ser o plantel mais barato da II Liga. Foi um trabalho árduo e os jogadores foram magníficos. Há grandes talentos no Leixões, que a curto prazo poderão jogar na I Liga e noutros patamares.
- Qual o seu futuro?
- Dentro das condições deste ano e meio, não me sinto realizado e não tenho condições para continuar no Leixões. Se as coisas mudarem, com outro projeto, nova ambição, é um clube que gosto, onde me sinto bem. Mas se for para passar pelas mesmas dificuldades, não aceito o Leixões.
- Orgulha-se da carreira? - Sim, posso dizer que tenho mais de 400 jogos na I Liga, três sextos lugares, presença na Liga Europa e uma Taça de Portugal, que não foi ao serviço de nenhum clube grande, mas sim do Desp. Aves. Tenho tido um excelente trabalho. Atualmente, sou o treinador com mais subidas na II Liga. Sei o meu valor, a ambição que tenho e cada vez me preparo mais para enfrentar dificuldades.
- Como analisa o sucesso de Rio Ave e Casa Pia na II Liga? - São os clubes que mais mereciam ter subido de divisão.
As equipas da II Liga são muito competentes e batem-se de uma forma tranquila com as da I Liga e muitas vezes são até melhores.
“EQUIPAS DA II LIGA
BATEM-SE DE FORMA TRANQUILA COM AS DA I LIGA E ATÉ SÃO MELHORES”
“TÉCNICOS DOS TRÊS GRANDES TÊM GRANDE AMBIÇÃO E CAPACIDADE DE TRABALHO”
- Surpreendeu-o a ‘dobradinha’ do FC Porto?
- Mesmo nada. O FC Porto mereceu, foi categórico na I Liga e na Taça. Os técnicos dos três clubes grandes têm grande ambição e capacidade de trabalho. Falamos nos troféus, mas o difícil é estar ano após ano no auge, à frente de um clube, mantendo-se o respeito quer pelo presidente Pinto da Costa, quer pelo treinador Sérgio Conceição. Merecem admiração.n
PERFIL
JOSÉ ALBANO FERREIRA DA MOTA, nasceu em 25 de fevereiro de 1964 (57 anos), em Paredes. Iniciou a carreira de treinador, como adjunto, no P. Ferreira em 1996/97, onde ficou 12 épocas. Estreou-se na Liga, também com o P. Ferreira, em 2000/01. Treinou Santa Clara, Leixões, Belenenses, V. Setúbal, Gil Vicente, Feirense, Desp. Aves, Chaves e Leixões. O CS Sfaxien (Tunísia) foi a única experiência no estrangeiro. Tem quatro subidas à Liga com P. Ferreira (vencendo a II Liga em 1999/00 e 2004/05), Desp. Aves e Feirense. Liderou o Desp. Aves na conquista da Taça de Portugal, frente ao Sporting (2017/18).n