O problema
Anotícia é recente mas sobre uma realidade antiga. O Relatório de Segurança Interna revela que o crime mais participado, no que respeita à atividade criminosa nacional, está inscrito na violência doméstica. Durante muito tempo escondido nas cifras negras dos crimes não conhecidos pelas autoridades, mostra agora a sua verdadeira dimensão.
Deixou-se descobrir graças ao militantismo de gente que não desistiu, e resistiu, ao preconceito, ao machismo, ao poderio do patriarcado, à moral bolorenta.
Com exceção do Correio da Manhã, a violência doméstica é ainda um adjetivo na esmagadora maioria dos órgãos de comunicação social e no que respeita a políticas estruturantes, os governos e os partidos passam por esta dura realidade como cão por vinha vindimada. Conformam-se com os resultados mexendo, de vez em quando, nas medidas repressivas de caráter judicial, recusam-se a enfrentar o problema no que respeita à sua prevenção ativa, assente numa educação para a cidadania. É na escola que começa e deverá aprofundar-se o ensinamento da cidadania como a base moral, pedagógica e solidária que se preocupa mais com bons cidadãos do que com notas a matemática ou inglês.
Tenho consciência de que este desafio não se colocará neste tempo e com este governo que foge de reformas e de esforços para qualificar o País como o diabo foge da cruz. Porém, está cada vez mais na ordem do dia, cada vez mais instante. Não bastam palavras de ordem e retórica de propaganda. Haverá um tempo em que gente com coragem assumirá este combate como o grande passo para modernizar, humanizar, fugindo à decadência em que nos encontramos.n
NÃO BASTAM PALAVRAS DE ORDEM E RETÓRICA DE PROPAGANDA