Correio da Manhã Weekend

O problema

- Francisco Moita Flores Professor Universitá­rio

Anotícia é recente mas sobre uma realidade antiga. O Relatório de Segurança Interna revela que o crime mais participad­o, no que respeita à atividade criminosa nacional, está inscrito na violência doméstica. Durante muito tempo escondido nas cifras negras dos crimes não conhecidos pelas autoridade­s, mostra agora a sua verdadeira dimensão.

Deixou-se descobrir graças ao militantis­mo de gente que não desistiu, e resistiu, ao preconceit­o, ao machismo, ao poderio do patriarcad­o, à moral bolorenta.

Com exceção do Correio da Manhã, a violência doméstica é ainda um adjetivo na esmagadora maioria dos órgãos de comunicaçã­o social e no que respeita a políticas estruturan­tes, os governos e os partidos passam por esta dura realidade como cão por vinha vindimada. Conformam-se com os resultados mexendo, de vez em quando, nas medidas repressiva­s de caráter judicial, recusam-se a enfrentar o problema no que respeita à sua prevenção ativa, assente numa educação para a cidadania. É na escola que começa e deverá aprofundar-se o ensinament­o da cidadania como a base moral, pedagógica e solidária que se preocupa mais com bons cidadãos do que com notas a matemática ou inglês.

Tenho consciênci­a de que este desafio não se colocará neste tempo e com este governo que foge de reformas e de esforços para qualificar o País como o diabo foge da cruz. Porém, está cada vez mais na ordem do dia, cada vez mais instante. Não bastam palavras de ordem e retórica de propaganda. Haverá um tempo em que gente com coragem assumirá este combate como o grande passo para modernizar, humanizar, fugindo à decadência em que nos encontramo­s.n

NÃO BASTAM PALAVRAS DE ORDEM E RETÓRICA DE PROPAGANDA

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