“PORTUGAL É O SEU POVO”
BRAGA Marcelo Rebelo de Sousa elogia os portugueses que ajudaram a construir “a nossa pátria”, num discurso sem críticas ao Governo socialista
Desta vez, o Presidente da República preferiu marcar o Dia de Portugal sem recados políticos ao Governo, apesar da onda inflacionista que está a afetar o País e a Europa, e que poderá desembocar numa recessão como não se sentia desde a troika. Marcelo Rebelo de Sousa quis antes centrar o seu discurso, em Braga, num elogio aos portugueses.
“Portugal é o seu povo, sem o povo, sem a arraia-miúda, de que falava Fernão Lopes, não teria havido o Portugal que temos”, declarou ontem o chefe de Estado, na cerimónia militar comemorativa do 10 de Junho, em Braga. Marcelo destacou ainda a forma como o povo português recebeu africanos, brasileiros, europeus de Leste, asiáticos, afegão e agora ucranianos. E como foi “resistindo à pandemia”.
O chefe de Estado assinalou a Constituição de 1822, que pôs fim ao absolutismo, e à independência do Brasil, no mesmo ano: “Celebramos dois séculos do começo do fim do nosso império colonial”. E contou como o seu avô António partiu do Minho, “miúdo, com um irmão, chamando depois os outros irmãos, para fugirem das Terras de Basto para essa nova pátria chamada Brasil”.
Nesta intervenção, o Comandante Supremo das Forças Armadas referiu-se às forças militares como “o povo armado para servir Portugal” e destacou as suas missões no estrangeiro.
Num momento em que a descentralização se encontra envolta em polémica, com as autarquias a tecerem duras críticas ao Governo, Marcelo aproveitou
ENALTECE OS MUNICÍPIOS NUM MOMENTO CRÍTICO DA DESCENTRALIZAÇÃO
PRIMEIRO-MINISTRO NÃO VAI A LONDRES DEVIDO A DOENÇA
por elogiar os municípios, “que nasceram diversos nos usos e nos forais, antes de serem submetidos ao poder político central.”
Há um ano, o Presidente ape
lou à reconstrução do “tecido social ferido pela pandemia”. Agora, suaviza o tom e enaltece o esforço do povo português. Até porque o chefe de Estado não vai poder contar com a companhia do primeiro-ministro, António Costa, nas celebrações do 10 de Junho, uma vez que o chefe de Governo está em casa, por motivos de saúde. Fonte do gabinete do primeiro-ministro disse ao CM que António Costa se encontra febril, mas sem ter testado positivo à Covid-19. Por aconselhamento médico, Costa vai manter-se em repouso e não irá a Londres com Marcelo.n