As brumas da memória
Ouvi com atenção o Presidente da República no 10 de Junho. O discurso foi um erro e um desperdício. O erro está na ideia, já defendida em 2016, de que o povo é a força motriz da pátria. Não é. A pátria sempre foi uma construção centralista das elites, com o povo a servir de figurante (e pagante).
Nada de substancial se alterou – e o futuro próximo só reforça essa desdita histórica: a inflação estrutural
O DISCURSO DE MARCELO FOI UM ERRO E UM DESPERDÍCIO
e a (dupla) subida dos juros anunciada pelo BCE não significam apenas um empobrecimento imediato para as famílias. Significam, coisa pior, que Portugal pode voltar a 2011, quando a nossa dívida pública, que continua alarmante, horrorizou os ‘mercados’.
Se juntarmos a isto uma ‘bazuca’ europeia perdulária e sem controlo, entendemos melhor o desperdício presidencial: Marcelo falou para um povo mítico quando o povo real, assustado e desvalido, continua por aí ao deus-dará.n