“BATE-ME AGORA!”
Testemunha relata que ‘Orelhas’ esmurrou e desafiou Igor Silva quando este estava já a ser esfaqueado no chão Renato Gonçalves exibiu a faca antes do homicídio e mandou dizer à vítima “que não estava para brincadeiras”
Marco ‘Orelhas’ deu vários socos na cara de Igor enquanto este estava estendido no chão e era esfaqueado pelo seu filho, Renato Gonçalves. Durante o ataque fez questão de dizer à vítima que se estava a vingar de agressões anteriores, entre as quais a ocorrida horas antes no Estádio da Luz, em Lisboa. “Bate-me agora!”, desafiou ‘Orelhas’ enquanto esmurrava Igor.
Esta descrição foi feita por uma das testemunhas do processo e consta já do despacho da juíza, que coloca precisamente Marco e o cunhado, Paulo ‘Chanfras’, em prisão preventiva. A noite dos festejos do Futebol Clube do Porto, a 8 de maio, foi aliás a única altura em que ‘Orelhas’ conseguiu agredir Igor. No depoimento que prestou no Tribunal de Instrução Criminal do Porto, Marco admitiu à juíza que Igor já o tinha “agredido três vezes com as mãos” e que também “ganhou a luta” no Estádio da Luz. ‘Orelhas’ refere que a vítima o conseguiu atirar ao chão. A juíza considera que todos estes episódios de confrontos fizeram com que no seio do grupo de suspeitos crescesse um desejo de vingança.
A investigação - durante a qual foram já constituídos dez arguidos - permitiu reunir outros testemunhos, que descrevem a morte dramática de Igor. Várias pessoas confirmam que ‘Orelhas’ agarrou os braços do jovem e o seu cunhado as pernas. Totalmente imobilizado, Igor levou várias facadas. “Foi tudo muito rápido (...) estava já a esvair-se em sangue”, referem os depoimentos, que dão conta de vários envolvidos.
O despacho dá também conta da premeditação do crime. Renato Gonçalves, de 19 anos e que está preso, ainda antes da agressão andou junto ao Estádio do Dragão durante os festejos do título a exibir a faca que tinha consigo. Terá a certa altura visto elementos do Bairro de Ramalde e disse para transmitirem a Igor que “ele não estava para brincadeiras”. Pouco depois, ocorreu o homicídio.n
MARCO DISSE À JUÍZA QUE IGOR JÁ O TINHA AGREDIDO TRÊS VEZES COM AS MÃOS