Correio da Manhã Weekend

INQUILINOS VIVEM EM CONDIÇÕES DEPLORÁVEI­S

FUGA  Houve inquilinos que partiram após a situação ser denunciada. Serão imigrantes ilegais QUEIXA  Basílio Horta, presidente da autarquia de Sintra, vai participar caso ao Ministério Público

- PAULO JOÃO SANTOS

Não se sabe ao certo quantas pessoas ali vivem, mas basta olhar para dentro dos espaços exíguos improvisad­os no interior da vivenda, localizada numa das principais avenidas do Cacém, Sintra, para perceber que as condições são miseráveis. Ontem, após a reportagem da ‘Investigaç­ão Sábado’ transmitid­a na CMTV, houve quem fizesse as malas e partisse pela calada da noite. Admitem, ao CM, que seriam imigrantes ilegais. Fugiram para não serem apanhados pelas autoridade­s.

A polícia enviou dois agentes ao local, mas não divulgou o resultado da diligência. Certo é que se trata de um negócio de subarrenda­mento, que dura há anos, como reconhece o gestor deste condomínio clandestin­o. Um horror, que se estende por 10 anexos pré-fabricados, construído­s ilegalment­e atrás da moradia, onde habitam homens e mulheres, crianças e idosos, imigrantes sem papéis.

A garagem, por exemplo, foi dividida em vários quartos, separados por paredes de pladur. Só aqui viverão oito pessoas. E não se pense que a renda dos

PORMENORES

Anexo 11

Um inquilino mostrou ao Correio da Manhã o contrato de arrendamen­to e garante que a situação está regulariza­da junto da Autoridade Tributária. O espaço que tem arrendado tem a referência de ‘anexo 11’.

Renda de 280 euros

Este inquilino paga uma renda de 280 euros. O contrato foi celebrado em fevereiro de 2021, por 6 meses, automatica­mente renovado por igual período. espaços é barata. Há quem pague quase 500 euros por mês para ali viver. O presidente da Câmara Municipal de Sintra, confrontad­o pela ‘Sábado’, garante que desconheci­a por completo a existência daqueles ‘barracos’ e das condições miseráveis de quem ali mora. Reconhece, apenas, a existência de uma denúncia, já em janeiro deste ano, de risco de incêndio da moradia em causa. Mas a coisa O proprietár­io da vivenda diz que está a tratar da legalizaçã­o das construçõe­s que albergam os inquilinos - anexos pré-fabricados. “Vamos tratar de tudo, junto da câmara e das entidades que forem necessária­s”, reforça. Em declaraçõe­s ao Correio da Manhã, garante que não tem conhecimen­to de pessoas que deixaram as habitações após a ‘Investigaç­ão Sábado’ emitida na CMTV, “não dei conta disso, se saíram não disseram nada”, mas diz estar preocupado: “Tenho recebido ameaças de morte”, afirma Elias Florentino.n morreu ali, já que, de acordo com o autarca, os serviços de fiscalizaç­ão não têm conseguido notificar os proprietár­ios. Mas agora vai ser diferente: Basílio Horta promete tomar medidas, nomeadamen­te, participar o caso ao Ministério Público.

Um caso com pontas soltas e contradiçõ­es. Uma assistente social terá participad­o aquilo que viu à freguesia, mas o presidente da junta diz desconhece­r tal participaç­ão e o dono do imóvel, Elias Florentino, de 50 anos e nacionalid­ade brasileira, também afirma que nunca ali viu nenhuma assistente social.n

SERVIÇOS DA CÂMARA NÃO TERÃO CONSEGUIDO NOTIFICAR PROPRIETÁR­IO

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5 Casa de banho exígua
5 1 O aspeto desta cozinha diz bem das dificuldad­es que enfrenta quem ali habita 2 Uma cama estreita encostada à parede 3 Sem espaço para arrumar utensílios 4 Estantes improvisad­as 5 Casa de banho exígua
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