O DISCURSO POPULISTA DO ELITISTA-MOR
Odiscurso de Marcelo no 10 de Junho, todo ele centrado no povo, foi uma rendição. O presidente desistiu de alertar esse mesmo povo para dificuldades presentes e futuras. Refugiou-se no “povo” para não confrontar os poderes executivo e legislativo. O discurso inscreveu-se no habitual populismo do presidente, idêntico ao de todos os populistas, de esquerda e direita: o país “é o seu povo”, o poder vem do povo, e ele mesmo se inscreve no povo (até o avô teve de emigrar para o Brasil…).
Diferença: os líderes populistas criticam as elites, Marcelo omitiu-as, como se nunca tivessem existido. Marcelo não pode desfazer as elites por ser ele mesmo um produto das elites, na origem familiar, no seu próprio percurso profissional, nas suas relações sociais e na defesa que na prática sempre fez dos DDT. O que é estranho é que politólogos e comentadores que uivam contra outros populistas poupem Marcelo, um fantástico cultor do discurso populista.n