Vaticano trava falsas aparições
DOCUMENTO Dicastério para a Doutrina da Fé prepara regulamento sobre fenómenos sobrenaturais ªPOLÉMICA Aparições de Medjugorje atraem 3 milhões de fiéis por ano e não são reconhecidas pela Igreja
O Dicastério para a Doutrina da Fé está a finalizar um novo texto, com normas e diretrizes, sobre aparições marianas e outros fenómenos sobrenaturais. O prefeito do dicastério, o cardeal argentino Victor Fernández, revelou esta semana que o objetivo é “definir, com clareza, a forma de determinar a veracidade ou falsidade desses acontecimentos extraordinários”.
Sem revelar a data de publicação do documento, que vai substituir o de 1978, publicado ainda por Paulo VI, Victor Fernández disse apenas que “o trabalho está em fase de finalização”.
Todos os anos chegam à Santa Sé relatos de factos transcendentes, sobretudo aparições, e, nestas aparições de Nossa Senhora, a esmagadora maioria é considerada inverosímil e só muito raramente um destes relatos merece estudo aprofundado.
Para se ter uma ideia, de centenas de milhares de relatos, só dois mil, até hoje, foram merecedores de algum estudo teológico. E destes, só 16 foram aprovados pelo Vaticano, entre os quais as Aparições de Fátima.
Há, no entanto, fenómenos que a Igreja não aprova e que são alvo de intenso culto popular. É o caso, por exemplo, das alegadas aparições de Nossa Senhora da Paz, em Medjugorje, na Bósnia Herzegovina. Apesar da reprovação da Santa Sé, todos os anos rumam ao santuário mais de três milhões de fiéis.
Aliás, especialistas consideram que este documento surge para definir, de uma vez por todas, esta incómoda situação de Medjugorje, cujo diferendo com a Santa Sé já conta mais de 40 anos.
Em 2010, Bento XVI criou uma comissão para investigar as aparições que, segundo os seis videntes, vão tendo lugar todas as manhãs, pelas 6h40, desde 24 de junho de 1981. Conclusão: inverosímeis.
Em 2017, o Papa Francisco disse que “a Mãe de Jesus não é a chefe dos correios, para mandar mensagens à hora certa”. A verdade é que os fiéis não param de rumar à localidade e o Vaticano sente necessidade de clarificar.
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