Mil palavras O Povo disse presente!

Nem as palavras insanas de Marcelo puderam manchar o mais participado 25 de Abril das últimas décadas. Cada um terá a sua interpretação para tantos milhares de cidadãos terem acorrido à Av. da Liberdade, em Lisboa. Nascido numa família antifascista, onde se podia ouvir José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Francisco Fanhais, José Jorge Letria, logo pela manhã, nos anos que antecederam a mudança de regime, julgo que a enorme multidão se juntou para assegurar que a data é linda demais para ficar refém de grupos ideológicos cada vez mais circunscritos. Ou para ser ameaçada pelo vento dos novos medos.

O Povo saiu à rua para arrebatar a data dos que, dizendo-se defensores da Liberdade, nada mais queriam do que trocar uma ditadura por outra, como muito se sentiu entre os dois Vinte Cincos que moldaram o nosso presente. Do 25 de Abril ao 25 de Novembro, os democratas sofreram na pele a sua luta pela Liberdade. Foi a coragem inabalável dessa gente por todos, a de Mário Soares - que nos deu este destino europeu, num País aberto à diferença e à solidariedade. Na passada quinta-feira, o Povo manifestou-se presente, contra todas as ameaças à Liberdade que pairam sobre a Europa e o Mundo. Foi lindo!

Post Scriptum: Ainda desconhecemos o efeito que o jovem Sebastião Bugalho poderá ter nas intenções de voto nas Europeias. Para já, apesar da muita estima que nutro pela pessoa, chocou-me a passagem sem aviso prévio do plano do comentário (tinha até carteira de jornalista) para o de ator político ativo. É como se um árbitro assinalasse um penálti e logo vestisse a camisola do clube para o ir cobrar.