Será a Inteligência Artificial sustentável?
Fala-se muito dos perigos da inteligência artificial (IA), como a ameaça aos empregos, a quebra de privacidade e a intoxicação maciça que pode ser disseminada na Internet. Mas fala-se pouco de um outro perigo: o aumento do consumo de energia, uma vez que o treino e o uso de sistemas de ‘machine learning’ (aprendizagem automática) são energeticamente muito exigentes. As grandes empresas que operam na área – OpenAI, Microsoft, Google, Meta, etc. – não têm divulgado dados sobre os consumos dos supercomputadores e dos ‘data centers’ implicados na IA. Sabe-se que os cerca de 10 mil ‘data centers’ que cobrem o globo consomem cerca de dois por cento de toda a electricidade mundial, embora não se saiba qual é a fracção, desse valor, usado no processamento da IA. Num tempo em que a procura da IA está a disparar à escala global, que é também o tempo em que ganhámos consciência das alterações climáticas, é bom que pensemos no assunto.
Tarefas de IA diferentes têm consumos energéticos distintos: por exemplo, a resposta a uma pergunta ao ChatGPT requer menos processamento e gasta menos energia do que a geração de uma imagem pelo DALL-E. Esta pode requerer tanta energia como a que é precisa para carregar um telemóvel. Se imaginarmos um mundo em que milhões e milhões de pessoas querem fazer filmes, devemos temer os custos de energia que isso terá. Se a electricidade necessária for obtida de combustíveis fósseis, libertar-se-á dióxido de carbono para a atmosfera que agravará o efeito de estufa. Além disso, os supercomputadores e ‘data centers’ têm em permanência de ser arrefecidos, o que se faz principalmente com água, que nalguns sítios é um bem escasso.
Portanto, para além da imperiosa regulação que assegure um uso responsável da IA, temos também de assegurar um seu uso sustentável. Muita gente já está a trabalhar nesta questão.
Fala-se pouco de outro perigo: o aumento do consumo de energia