Dívida do sangue usada para pagar as contas
CONTAS r Tribunal arrasa gestão do centro hospitalar que gere o Santa Maria e o Pulido Valente, em Lisboa GESTÃO r Centro Hospitalar de São João, no Porto, produz mais com menos espera e custos
OCentro Hospitalar de Lisboa Norte (CHLN),que gere o Santa Maria e o Pulido Valente, ocultou a dívida relativa ao Instituto Português do Sangue e Transplantação (IPST), tendo usado a verba para pagar a outros fornecedores. A situação é revelada na auditoria do Tribunal de Contas à gestão do CHLN e do Centro Hospitalar São João (CHSJ), no Porto, entre 2014 e 2016,
Segundo o relatório, a dívida do CHLN ao IPST aumentou de 28 milhões de euros, em 2014, para 33 milhões, em 2015, e depois para 37,5 milhões, em 2016.
Lê-se que a ocultação da dívida permitiu ao CHLN “dispor de uma tesouraria significativa, constituída por fundos que deveriam estar no IPST”. Em con- traditório, a administração do CHLN alegou que estava a pagar a dívida ao IPST em prestações mensais, uma vez que a entidade também estava em dificuldades.
A auditoria arrasa a gestão do CHLN, revelando que o CHSJ produz mais cuidados de saúde com menos tempos de espera e com custos operacionais inferiores. E sublinha que se o CHLN alcançasse custos por doente (2923 euros) padrão iguais aos do CHSJ (2575 euros) teria obtido, no triénio, uma poupança de 211 milhões, “valores suficientes para financiar a realização de três milhões de consultas externas ou o tratamento de 30 mil utentes com Hepatite C”.
VALOR EM DÍVIDA AO INSTITUTO DO SANGUE SUPERA OS 37, 5 MILHÕES