35 horas de caos
Como se não bastassem os graves problemas que já existiam por causa do desinvestimento e das cativações, o retorno às 35 horas semanais no sector da saúde está a ter consequências verdadeiramente caóticas em vários hospitais e serviços. Fala-se em caos e a palavra não é de modo algum exagerada a julgar pelas notícias, pelos alertas e pelas denúncias que nos chegam todos os dias. Faltam médicos, faltam enfermeiros, faltam auxiliares, encerram-se camas, fecham serviços, adiam-se ainda mais as consultas e as cirurgias. No Hospital S. José, em Lisboa, as urgências deixaram de garantir a assistência obrigatória 24 horas por dia, sete dias por semana a doentes da área da cirurgia vascular, elevando o risco de muitos pacientes. Motivo: falta de médicos e de enfermeiros para preencherem as novas escalas de 35 horas semanais, em vigor desde o dia 1 de julho. Nesse mesmo hospital, quinze chefes de equipa de medicina e cirurgia geral apresentaram a sua demissão, por causa da falta de condições nas urgências que são frequentemente entregues a internos. Também na Maternidade Alfredo da Costa foram já encerradas três salas de parto e reduziu o número de enfermeiros por turno. E muitos outros hospitais, por esse país fora, estão a encerrar camas, em alguns casos reduzindo drasticamente a sua capacidade de resposta. Em Chaves, em Lamego, em Vila Real… Os primeiros a sofrer são, obviamente, os utentes, os doentes que precisam de cuidados médicos. Mas também os profissionais de saúde sofrem com uma redução de horário que não foi devidamente acautelada com a contratação do número suficiente de novos funcionários nos hospitais. O ministro da Saúde prometeu dois mil novos funcionários, quando as necessidades apontam para os cinco mil. Estes são os custos de uma governação demagógica e irresponsável. Para agradar a uns, prejudica todos.
OS PRIMEIROS A SOFRER SÃO, OBVIAMENTE, OS UTENTES, OS DOENTES