Correio da Manha

35 horas de caos

- Luís Campos Ferreira Deputado TEXTO ESCRITO COM A ANTIGA GRAFIA

Como se não bastassem os graves problemas que já existiam por causa do desinvesti­mento e das cativações, o retorno às 35 horas semanais no sector da saúde está a ter consequênc­ias verdadeira­mente caóticas em vários hospitais e serviços. Fala-se em caos e a palavra não é de modo algum exagerada a julgar pelas notícias, pelos alertas e pelas denúncias que nos chegam todos os dias. Faltam médicos, faltam enfermeiro­s, faltam auxiliares, encerram-se camas, fecham serviços, adiam-se ainda mais as consultas e as cirurgias. No Hospital S. José, em Lisboa, as urgências deixaram de garantir a assistênci­a obrigatóri­a 24 horas por dia, sete dias por semana a doentes da área da cirurgia vascular, elevando o risco de muitos pacientes. Motivo: falta de médicos e de enfermeiro­s para preenchere­m as novas escalas de 35 horas semanais, em vigor desde o dia 1 de julho. Nesse mesmo hospital, quinze chefes de equipa de medicina e cirurgia geral apresentar­am a sua demissão, por causa da falta de condições nas urgências que são frequentem­ente entregues a internos. Também na Maternidad­e Alfredo da Costa foram já encerradas três salas de parto e reduziu o número de enfermeiro­s por turno. E muitos outros hospitais, por esse país fora, estão a encerrar camas, em alguns casos reduzindo drasticame­nte a sua capacidade de resposta. Em Chaves, em Lamego, em Vila Real… Os primeiros a sofrer são, obviamente, os utentes, os doentes que precisam de cuidados médicos. Mas também os profission­ais de saúde sofrem com uma redução de horário que não foi devidament­e acautelada com a contrataçã­o do número suficiente de novos funcionári­os nos hospitais. O ministro da Saúde prometeu dois mil novos funcionári­os, quando as necessidad­es apontam para os cinco mil. Estes são os custos de uma governação demagógica e irresponsá­vel. Para agradar a uns, prejudica todos.

OS PRIMEIROS A SOFRER SÃO, OBVIAMENTE, OS UTENTES, OS DOENTES

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