Laura Soveral morre e dá o corpo à ciência
DOENÇA r Atriz sofria de esclerose lateral amiotrófica, que também vitimou o cantor Zeca Afonso e o físico Stephen Hawking TALENTO r Em 50 anos de carreira, fez televisão, teatro e muito cinema
Vimo-la na novela brasileira ‘O Casarão’, que passou entre nós em 1978, e, pela última vez no pequeno ecrã na minissérie ‘Os Maias’, de João Botelho, há três anos. Laura Soveral – a eterna Maria dos Prazeres do filme ‘Uma Abelha na Chuva’, de Fernando Lopes – morreu, ontem, no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, vítima de esclerose lateral amiotrófica, aos 85 anos. Num último gesto de generosidade,
RODOU MAIS DE 30 FILMES: O ÚLTIMO FOI ‘OS MAIAS’, QUE TAMBÉM DEU SÉRIE
doou o seu corpo à ciência, para que se possa estudar a doença que matou, entre outros, o cantor português Zeca Afonso e o cientista britânico Stephen Hawking. Não haverá, portanto, cerimónias fúnebres para a mulher que se descobriu atriz em 1964, aos 31 anos.
Nascida em Benguela, em 1933, foi educadora de infância, em Angola, e estudava Filologia Germânica na Faculda- de de Letras quando descobriu a sua vocação no Grupo Fernando Pessoa. Inscreveu-se no Conservatório e rapidamente foi chamada a fazer cinema e teatro. Trabalhou com grandes realizadores, desde Manoel de Oliveira a Miguel Gomes, em mais de 30 filmes. Entre os últimos trabalhos estão ‘Tabu’, de Miguel Gomes, e ‘Cadências Obstinadas’, de Fanny Ardant. Em teatro colaborou com companhias como a Cornucópia, Teatro Experimental de Cascais, teatros Aberto e Barraca, entre outros, e o seu último papel fê-lo no Teatro do Bairro. Um texto de Lorca dirigido por António Pires. “Era uma mulher inteligente e culta, que transmitia uma grande calma”, diz o encenador.