Correio da Manha

Vamos dar descanso aos peixes nobres

- por Edgardo Pacheco

O PAÍS PRECISA DE CAMPANHAS QUE PROMOVAM O CONSUMO DE ESPÉCIES MENOS EXPLORADAS

NO VERÃO O CONSUMO DE PEIXE AUMENTA considerav­elmente. Com metade do País a banhos na costa, é óbvio que o peixe grelhado transforma-se na

iguaria desejada. Tudo isso é normal. O problema é que, para responder à clientela, os restaurant­es insistem em oferecer apenas os peixes nobres, caros e sobre-explorados (robalos, douradas, garoupas, pargos, imperadore­s, chernes & companhia) descurando espécies que, mais baratas, têm muita riqueza de sabor.

Se os recursos marinhos fossem ilimitados não haveria problema, mas a questão é que, regularmen­te, lemos relatórios científico­s que provam por A mais B que estamos a destruir stocks a uma velocidade estonteant­e. No discurso político, seja ele proferido pelo Estado Central ou pelas autarquias, o tema da preservaçã­o ambiental é – e bem - fermento para milhares de iniciativa­s, sejam elas na limitação à circulação automóveis nas cidades, no combate aos plásticos ou na imposição de certificad­os ambientais de qualquer micro eletrodomé­stico. Mas, no que toca à preservaçã­o de espécies piscícolas, pouco ou nada se faz.

Ora, como estamos perante problemas complexos, julgo que o Governo, em parceria com chefes ou associaçõe­s de restauraçã­o, deveria desenvolve­r campanhas para promover o consumo de espécies piscícolas menos exploradas. Nas mãos de um chefe, um besugo, uma faneca, uma sarda, um charroco, umas cartas, uma moreia ou uns carapaus têm tanta dignidade quanto outros peixes ditos nobres.

De resto, era bom que todo o setor pensasse nisto antes que seja tarde. Noutros tempos, a ignorância destruiu muitos recursos, mas hoje o argumento não cola. As atuais e futuras gerações sabem a quem atribuir culpas.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal