Vamos dar descanso aos peixes nobres
O PAÍS PRECISA DE CAMPANHAS QUE PROMOVAM O CONSUMO DE ESPÉCIES MENOS EXPLORADAS
NO VERÃO O CONSUMO DE PEIXE AUMENTA consideravelmente. Com metade do País a banhos na costa, é óbvio que o peixe grelhado transforma-se na
iguaria desejada. Tudo isso é normal. O problema é que, para responder à clientela, os restaurantes insistem em oferecer apenas os peixes nobres, caros e sobre-explorados (robalos, douradas, garoupas, pargos, imperadores, chernes & companhia) descurando espécies que, mais baratas, têm muita riqueza de sabor.
Se os recursos marinhos fossem ilimitados não haveria problema, mas a questão é que, regularmente, lemos relatórios científicos que provam por A mais B que estamos a destruir stocks a uma velocidade estonteante. No discurso político, seja ele proferido pelo Estado Central ou pelas autarquias, o tema da preservação ambiental é – e bem - fermento para milhares de iniciativas, sejam elas na limitação à circulação automóveis nas cidades, no combate aos plásticos ou na imposição de certificados ambientais de qualquer micro eletrodoméstico. Mas, no que toca à preservação de espécies piscícolas, pouco ou nada se faz.
Ora, como estamos perante problemas complexos, julgo que o Governo, em parceria com chefes ou associações de restauração, deveria desenvolver campanhas para promover o consumo de espécies piscícolas menos exploradas. Nas mãos de um chefe, um besugo, uma faneca, uma sarda, um charroco, umas cartas, uma moreia ou uns carapaus têm tanta dignidade quanto outros peixes ditos nobres.
De resto, era bom que todo o setor pensasse nisto antes que seja tarde. Noutros tempos, a ignorância destruiu muitos recursos, mas hoje o argumento não cola. As atuais e futuras gerações sabem a quem atribuir culpas.