Pais querem Estado em tribunal por atrasos
PROCESSO r Jorge Pires diz que responsabilidade pela espera a que estão a ser sujeitas as crianças tem de ser apurada CONDIÇÕES r As instalações temporárias podem colocar os menores em risco
Os pais das crianças internadas em contentores no Hospital de São João, no Porto, estão a ponderar avançar com uma ação em tribunal contra o Estado e contra a administração do hospital.
Em causa está aquilo que consideram ser uma forma de atribuir “responsabilidades” pelos atrasos nas obras de construção do novo centro pediátrico.
A intenção foi anunciada ontem, no Parlamento, numa au-
ASSOCIAÇÃO DIZ QUE NÃO HÁ RAZÃO PARA REJEITAR O PROJETO ANTERIOR
dição na Comissão de Saúde, por Jorge Pires, da Associação Pediátrica Oncológica (APOHSJ). O responsável argumentou que alguém se tem de responsabilizar pela espera a que estão a ser sujeitas as crianças e que “se trata de uma questão de saúde pública”.
Jorge Pires denunciou as condições de assistência dos menores internados em contentores. O representante da APOHSJ explicou que aquelas instala- ções provisórias não têm condições. Um dos exemplos dados foi o das crianças que estão em isolamento e que, por algum motivo, têm de se deslocar ao edifício central. Segundo Jorge Pires, as crianças são transportadas ao frio e numa ambulância sem condições.
O mesmo representante refe- riu que não há razão para não se aproveitar o projeto de construção do novo centro pediátrico do Hospital de São João contratualizado pelo anterior Governo. E lembrou que há um contrato assinado que não caducou, obras iniciadas e um projeto que pode ser adaptado às novas exigências.
Jorge Pires alertou também os deputados que o despacho do Governo que autoriza os procedimentos concursais faz tábua rasa do contrato em vigor, e que isso é “delapidar” os 700 mil euros já investidos e “condenar as crianças a mais cinco anos de internamentos em condições de risco”.